O
Derramamento do Espírito Santo
(Capítulos 1 e 2)
O livro de Atos mostra o que Jesus
CONTINUOU a fazer através do Espírito
Santo, por meio dos seus discípulos. Nesse livro Jesus é apresentado como o
Senhor Exaltado. Vemos os feitos dos ensinos de Jesus na vida dos apóstolos.
No livro de Atos a palavra
“testemunha” é usada mais de trinta vezes. Ser-me-eis
testemunhas, é o coração desse livro. Jesus tinha dito aos discípulos que
enviaria o Espírito Santo. Esse dará
testemunho de mim; e vós também testemunhareis, porque estais comigo desde o
princípio (Jo. 15:26,27). A promessa cumpriu-se no Dia de Pentecostes,
quando Ele derramou o Espírito Santo sobre os discípulos (At. 2:16,17,33). A
partir desse momento, ao darem testemunho do Salvador, o Espírito Santo daria
testemunho, ao mesmo tempo, no coração dos seus ouvintes, e multidões seriam
levadas ao Salvador.
O livro de Atos começa com a
pregação do Evangelho em Jerusalém, a metrópole da nação judaica, e termina com
o Evangelho em Roma, a verdadeira metrópole do poder mundial. Embora esse livro
tenha o nome de Atos dos Apóstolos, ele narra, de fato, os atos do Espírito
Santo operando através de Pedro, Paulo e seus companheiros.
De Atos 1 a 12, vemos Pedro
testemunhando as judeus. Sua palavra é: Arrependei-vos
(At. 2:36-38). Dos capítulos 13 a 28, vemos Paulo testemunhando aos gentios.
Sua palavra é: Crê (At.
16:30,31). Sem dúvida, Atos é o melhor
“manual de missões” que já foi escrito. Nele encontramos a razão de ser da obra
missionária. O objetivo único dos cristãos era levar os homens ao conhecimento
da salvação em Jesus Cristo. Este era o seu tema exclusivo, e a Palavra de Deus
sua única arma.
Vemos a igreja primitiva com um
programa definido para a realização dos seus planos. Alguns grandes centros
foram escolhidos como base de onde pudessem irradiar a influência do trabalho
dos discípulos de maneira a atingirem os lugares vizinhos. Os discípulos foram
simples, diretos e bem sucedidos. Dependeram inteiramente do poder de Deus,
mediante o Espírito Santo. Avançaram com zelo irreprimível e coragem
inabalável. O AUTOR
Não há dúvidas que é Lucas, “o
médico amado”, autor também do terceiro Evangelho. O livro de Atos é apontado
como uma continuação do Evangelho de Lucas. E de igual modo, é endereçado a um
homem chamado “Teófilo”. O Espírito Santo inspirou Lucas a escrever a Teófilo a
fim de suprir na igreja a necessidade de um relato completo dos primórdios do
cristianismo. No terceiro Evangelho, “o primeiro tratado”, foi seu relato a
respeito da vida de Jesus. Em Atos, foi seu relato sobre o derramamento do Espírito
Santo em Jerusalém e sobre o crescimento da igreja primitiva. Torna-se claro
que Lucas era um escritor habilidoso, um historiador consciente e um teólogo
inspirado.
QUEM FOI LUCAS?
O livro de Atos foi
escrito, presumivelmente, cerca do ano 60dC., ano de chegada de Paulo a Roma.
Quanto à vida particular de Lucas, pouco conhecemos. Sabemos apenas que ele era
gentio, falava o grego fluentemente, era médico de refinada educação, e, após
convertido ao Cristianismo, abandonou as
funções médicas, se dedicando a viajar com o apóstolo Paulo, de quem se fez
médico e amigo inseparável. Acompanhou Paulo desde Troas até Filipos, viagem
memorável durante a qual o apóstolo Paulo levou as boas-novas desde a Ásia até
a Europa. Em viagem posterior, esteve com Paulo, desde Filipos até Jerusalém,
no seu encarceramento em Cesaréia e acompanhou-o depois até Roma, nos dias
tristes do seu confinamento. Abandonado
por outros cooperadores Paulo escreveu: “Somente
Lucas está comigo”. Lucas sofreu o martírio, tendo sido enforcado em uma
oliveira, na Grécia (EETAD, O Livro de Atos, pág. 3).
Atos abrange, de modo seletivo, os
primeiros trinta anos da história da igreja. Como historiador eclesiástico,
Lucas descreve, em Atos, a propagação do evangelho, partindo de Jerusalém até
Roma. Ele menciona nada menos que 32 países, 54 cidades, 9 ilhas do
Mediterrâneo, 95 diferentes pessoas e uma variedade de membros e funcionários
do governo com seus pormenores. Como teólogo, Lucas descreve com habilidade a
relevância de várias experiências e eventos dos primeiros anos da igreja.
O livro de Atos desempenhou um
papel substancial como elo de ligação entre os quatros Evangelhos e as
Epístolas Paulinas. Nos capítulos 13 a 28, temos o acervo histórico necessário
para bem compreendermos o ministério e as cartas de Paulo.
O TEMA
O propósito desse livro é narrar a
história da formação, desenvolvimento e expansão da Igreja, começando em
Jerusalém e concluindo em Roma. Não é uma biografia de Pedro e Paulo e de
outros apóstolos. Eles foram personagens importantes que tiveram relação direta
com a formação da Igreja. Este livro é um relato do ministério de Cristo
continuado por seus servos.
O tema do livro de Atos é a
propagação triunfal do Evangelho pelo poder do Espírito Santo. A promessa do
derramamento do Espírito Santo foi cumprida entre os discípulos no Dia de
Pentecoste (At. 2), e entre os gentios (At. 10). O livro de Atos, poderia ser
chamado de “Atos do Espírito Santo”, pois é Ele quem controla em todos os
lugares o progresso do Evangelho.
“As manifestações sobrenaturais que
acompanharam a propagação do Evangelho, significaram não só a atividade do
Espírito Santo, mas também a inauguração duma nova era na qual Jesus Cristo
reinaria como Senhor e Messias” (
EETAD, O Livro de Atos, pág. 09).
O VALOR HISTÓRICO
O livro de Atos contém referências
sobre os magistrados das cidades, governadores provinciais, reis visitantes; os
lugares por onde os apóstolos passaram; as igrejas que foram abertas; e, outras
informações que provam estarem corretas quanto ao lugar e ao tempo em questão.
E é interessante colocar que as informações constantes neste livro tem sido
confirmadas pelas descobertas arqueológicas posteriores.
Lucas, no livro de Atos, coloca sua
narrativa dentro do contexto histórico da época. Com poucas palavras ele
transmite autenticidade com relação as muitas cidades, pessoas e situações
mencionadas. Ele, por exemplo, cita os
pretores de Filipos que aprisionaram Paulo e Silas; as autoridades de Tessalônica,
perante quem Paulo e seus cooperadores foram acusados; decisão de Gálio,
procônsul de Acaia, a favor de Paulo; na Judéia, o governador Festo e o rei
visitante Agripa II absolveram Paulo; etc.
Registram as conquistas do Evangelho nos
grandes centros gentios da civilização imperial, a rejeição e as acusações
sofridas pelos apóstolos nas comunidades judaicas espalhadas pelo império. Tudo
com detalhes, relatando momentos históricos vividos pelos apóstolos,
principalmente com relação a implantação da igreja e os acontecimentos da
época.
O VALOR PERMANENTE DE ATOS
No início do II
século, quando os escritos dos quatro Evangelhos já haviam sido colecionados,
circulavam como um conjunto de livros. O Livro de Atos foi dotado de
importância sempre mais crescente, e manteve-se separado do Evangelho de Lucas.
A circulação rápida do Livro de Atos entre as igrejas no princípio, talvez se
tenha dado devido ao impulso de colecionarem as Epístolas Paulinas a partir do
primeiro século.
O Livro de Atos
frisa a importância da pessoa e obra de Paulo, e testifica também quanto ao trabalho
de outros apóstolos, especialmente Pedro. O valor desse livro no contexto do
Novo Testamento é sua posição entre os Evangelhos e as Epístolas Paulinas. Por
um lado ele forma a seqüência natural para os quatro Evangelhos, por outro,
forma um fundo histórico para as epístolas e atesta o caráter apostólico da
maioria dos doze.
Além do que, serve ainda
como documento acerca dos primórdios do Cristianismo. Torna-se um livro de
informações do mais alto valor para uma fase extremamente significativa da história
da Igreja e da civilização mundial. (EETAD, O Livro de Atos, pág. 10,11)
PODER PARA TESTEMUNHAR (At. 1 e 2)
Os cinco primeiros versículos do
livro de Atos, registram o cuidado mostrado por Jesus em conscientizar os
apóstolos quanto à responsabilidade que lhes caberia daquele momento em diante,
e as instruções de que precisavam.
Quarenta dias se passaram entre a
ressurreição e a ascensão de Jesus. Durante esses dias os discípulos estiveram
na companhia do Senhor Jesus. Eles estão prontos para ouvir as últimas
instruções. Jesus falava das coisas que
diziam respeito ao reino de Deus. Nessa ocasião o Mestre determina que eles não se ausentassem de
Jerusalém, mas esperassem a promessa do Pai (At. 1:4).
Os primeiros 11 versículos do
primeiro capítulo servem de introdução para o resto do livro:
A grande comissão (1:6-8);
A ascensão (1:2, 9,11); - A volta
de Cristo (1:10,11).
Os discípulos ainda não estavam
satisfeitos quanto à época em que Cristo iria estabelecer o seu reino na terra.
Ainda esperavam um reino que lhes desse independência política e os colocasse
em posição de liderança mundial (1:6). A respeito disso, Jesus responde que a
eles não competia saber os tempos ou as épocas, que o Pai
reservou à sua própria autoridade (1:7).
Jesus tentava explicar que o poder
deles não seria político, mas espiritual. E continua a sua resposta dando uma
promessa e uma comissão aos discípulos: Mas
recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis
testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até os
confins da terra (1:8). A intenção
de Jesus com estas palavras era tirar de seus corações as ambições
nacionalistas e colocar uma conscientização do ide e pregai o evangelho a todo mundo.
Com a ascensão, o Senhor
desapareceu, mas permaneceu com eles de modo ainda mais real. Depois das suas
últimas palavras, Ele foi arrebatado e uma
nuvem o encobriu dos olhos dos seus discípulos. Foi um acontecimento tão
notável, mas contado com tão poucas palavras! O Pai levou seu Filho de volta à
glória. E deixa com os seus um Consolador, o Espírito Santo.
CRISTO VOLTARÁ
Esse Jesus...assim virá do modo como o vistes subir (At. 1:11). Como será a
sua volta aqui anunciada? A promessa é
que Ele vai voltar do modo como subiu.
Assim sendo, devemos examinar como Ele foi, pois, assim saberemos como Ele
voltará. Sua volta será:
(1) Pessoal - “Porque o Senhor mesmo descerá do céu com
grande brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram
em Cristo ressuscitarão primeiro” (I Tes. 4;16); (2) Visível - “Eis
que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até mesmo aqueles que o
traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele”(Ap. 1:7);
(3) Corpórea - “Então aparecerá no céu o
sinal do Filho do homem, e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão vir
o Filho do homem sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória (Mt. 24:30);
(4) Local - “Então os levou fora, até
Betânia; e levantando as mãos, os abençoou (Lc. 24:50).
Os discípulos perdiam a companhia
física do Mestre, mas em recompensa receberam a promessa do derramamento do
Espírito Santo. Embora tivessem tido três anos de treinamento com o Senhor,
precisavam da presença do Espírito Santo a fim de revesti-los de poder. Já
haviam dado provas, em situações anteriores de serem um grupo de homens de
pouca coragem e fé. Então, Jesus disse-lhes que não saíssem de Jerusalém, mas
esperassem. Seria natural que fugissem do lugar em que o seu Senhor tinha sido
crucificado, e voltassem para a Galiléia. Mas, como Jesus diz que permanecessem
na cidade de Jerusalém, no centro de maior influência daquela época.
“Então voltaram para Jerusalém, do monte chamado das Oliveiras, que está
perto de Jerusalém, à distância da jornada de um sábado. E, entrando, subiram
ao cenáculo, onde permaneciam Pedro e João, Tiago e André, Felipe e Tomé,
Bartolomeu e Mateus; Tiago, filho de Alfeu, Simão o Zelote, e Judas, filho de
Tiago. Todos estes perseveravam unanimemente em oração, com as mulheres, e
Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele” (At. 1:12-14).
O cenáculo (uma sala ampla,
geralmente andar superior) seria provavelmente parte da casa de Maria, mãe de
João Marcos, local em que também, supõe-se, ter se realizado a última Ceia de
Jesus com os discípulos.
O versículo acima menciona “as mulheres”.
É esta a última vez que o nome de Maria, mãe de Jesus, é mencionado. E também
fala dos “irmãos de Jesus” que certamente eram filhos de Maria e José. Seus
nomes eram: Tiago, José, Judas e Simão (Mc. 6:3).
Em Atos 1:15-26, Matias é escolhido
para preencher o lugar deixado por Judas. “E
orando, disseram: Tu, Senhor, que conheces os corações de todos, mostra qual
destes dois tens escolhido para tomar o lugar neste ministério e apostolado, do
qual Judas se desviou para ir ao seu próprio lugar. Então deitaram sortes a
respeito deles e caiu a sorte sobre Matias, e por voto comum foi ele contado
com os onze apóstolos” (vs.24-26).
“Alguns comentadores ensinam que
Deus não aceitou Matias como um dos doze
apóstolos, mas sim a Paulo. O Novo Testamento, entretanto, diz o contrário
(EETAD, O Livro de Atos, pág. 28).
Matias foi contado com os onze (At.
1:26);
A expressão “Pedro com os onze”
(At. 2:14), inclui Matias.
Haviam doze apóstolos antes da
conversão de Paulo (At. 6:2);
Matias foi escolhido para cumprir a
profecia (At. 1:16-20; Sl. 69:25; 109:8);
Matias tinha qualificações de
apóstolo (At. 1:21,22);
A escolha de Matias se deu em resposta à oração (At. 1:24;
Jo. 14:13,14);
Paulo não contou a si mesmo como um
entre os doze, mas como apóstolo especial aos gentios (At. 9:15; Gl. 2:7-9). Os
doze julgariam os judeus; eram especialmente destinados aos judeus (Mt. 19:28);
Paulo não era um dos doze de que se
faz menção em I Coríntios 15:5.
Paulo tinha as qualificações de
apóstolo, mas não como um dos doze, porque não acompanhara os discípulos desde
o batismo de João (At. :21,22)”
Depois da vinda do Senhor Jesus
Cristo à terra, o acontecimento de maior importância é a vinda do Espírito
Santo. A Igreja nasceu no dia de Pentecoste. O Pentecoste era uma das festas
mais populares e Jerusalém estava repleta de peregrinos de toda parte.
Cinqüenta dias tinham passado desde a
crucificação. A partir dessa data, o Pentecoste não seria mais uma festa judaica mas o raiar de um novo dia,
o do nascimento da Igreja de Cristo.
Pentecoste era uma festa sagrada do
Antigo Testamento que ocorria 50 dias após a Páscoa. Pentecoste deriva da
palavra grega penteekostos que
significa quinquagésimo. Essa festa é
também chamada Festa das Colheitas, porque nela as primícias da sega de grãos eram oferecidas a Deus (Leia mais
sobre essa festa em Levítico 23:15-21). Da mesma forma, o dia de Pentecoste
simboliza, para a igreja o início da colheita de vidas para Deus neste mundo.
E PERSEVERAVAM UNÂNIMES EM ORAÇÃO
Antes do
derramamento do Espírito Santo, no Pentecoste, podemos observar em Atos
1:12-14, que os discípulos estavam no cenáculo em Jerusalém, perseverando em oração e súplicas. Há uma
lição a ser aprendida nesses versículos. A experiência do Pentecoste sempre
envolve a responsabilidade humana. Aqueles que desejam o derramamento do Espírito Santo em sua vida, para terem poder
para realizar a obra de Deus, devem colocar-se a disposição do Senhor mediante
submissão à vontade de dEle e à ORAÇÃO. Note os paralelos entre a vinda do
Espírito Santo sobre Jesus e sobre os discípulos: (1) veio sobre eles depois
que oraram; (2) houve manifestações visíveis; (3) os ministérios começaram
depois do Espírito Santo vir sobre eles. (Bíblia Pentecostal, pág. 1629, 1630).
A cena abre-se com os discípulos
reunidos, com os corações firmados em Cristo, esperando o cumprimento da
promessa. O próprio Espírito Santo desceu naquele dia. Lucas não diz que
apareceu um vento, mas o som era um símbolo, assim como as línguas de fogo. O “vento impetuoso” representava o poder
celestial. As “línguas de fogo” indicavam o poder para testemunhar. O Espírito
Santo pousou sobre os discípulos (2:1-3); entrou neles (2:4); e operou por meio
deles (2:41-47). Eles foram cheios do Espírito Santo e assim estavam capacitados
para um serviço especial. Não só foram capacitados para pregar com poder, mas
para falar nas diferentes línguas representadas naquele dia em Jerusalém
(2:24).
O maravilhoso no Pentecoste não foi
o vento veemente e impetuoso, nem as línguas como de fogo, mas o fato de os
discípulos serem cheios do Espírito Santo para que pudessem testemunhar aos
homens. É bem verdade que o Espírito
Santo não veio ao mundo pela primeira
vez por ocasião do Pentecoste. Por todo o Antigo Testamento encontramos
narrativas que mostram como Ele guiava e fortalecia os homens. Mas, agora o Espírito Santo iria
fazer uso de um novo instrumento, a
Igreja, nascida naquele dia.
“E todos ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras
línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem. Habitavam então em
Jerusalém judeus, homens piedosos, de todas as nações que há debaixo do céu.
Ouvindo-se, pois, aquele ruído, ajuntou-se a
multidão; e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria
língua” (At 2:2-5).
Todos ficaram atônitos e perplexos (2:12). O homem, por natureza, é descrente. Alguns zombavam,
dizendo: Estão embriagados (2:13-15). Os homens sempre procuram explicar os
milagres de Deus pelas leis naturais.
Mas o racionalismo nunca pode dar uma explicação razoável para aquilo que é
divino. Além disso, eram nove horas da manhã, e nenhum judeu podia tocar em
vinho até aquela hora.
Aos zombadores, Pedro explicou que
os apóstolos e demais não estavam embriagados. Ele explica que o que estava
acontecendo era o cumprimento da profecia de Joel: “E acontecerá nos últimos dias, diz
o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; e os vossos
filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos mancebos terão visões, os
vossos anciãos terão sonhos; e sobre os meus servos e sobre as minhas servas
derramarei do meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão. E mostrarei
prodígios em cima no céu; e sinais embaixo na terra, sangue, fogo e vapor de
fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o
grande e glorioso dia do Senhor. E acontecerá que todo aquele que invocar o
nome do Senhor será salvo” (At. 2:17-21).
Pedro continua discursando. É o
primeiro sermão evangélico e o seu tema enfoca que Jesus é o Messias. Pedro é a
figura central nos doze primeiros capítulos de Atos. O verdadeiro poder do
Espírito Santo revelou-se quando esse humilde pescador se levantou para falar e
três mil pessoas foram salvas. Como poderíamos explicar a ousadia de um Pedro,
que antes fora covarde, ao se levantar para pregar a uma multidão nas ruas de
Jerusalém? Qual era o segredo do ministério de Pedro? O Pedro inconstante e
impulsivo, que negou a seu Mestre, foi transformado pelo Espírito Santo. Ele
jamais esteve sob tão forte unção, como no dia de Pentecostes.
Suas palavras foram como flechas no
coração duro dos judeus.
“E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a
Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? Pedro então lhes respondeu:
Arrependei-vos, e cada um de vós seja
batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo.
Porque a promessa vos pertence- cem a
vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe: a quantos o Senhor nosso Deus chamar” (At. 2:37-39).
Pedro os chama ao arrependimento e
menciona a promessa do Espírito Santo
que era para todos que aceitassem a Jesus. “De
sorte que foram batizados os que
receberam a sua palavra; e naquele dia
agregaram-se quase três mil almas” (v. 41). Eis o resultado do
sermão de Pedro. A primeira Igreja de Jerusalém foi organizada com três mil
membros no Dia de Pentecostes. Que dias gloriosos se seguiram, de ensino,
comunhão, sinais e prodígios, e, sobretudo, salvação! Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor dia a dia os que iam sendo
salvos (v.47). Tão maravilhoso como o dom de línguas era o viver diário da
primeira Igreja. Não é de se admirar que eles contassem com a simpatia de todo o povo e que dia a dia crescesse o número de
salvos.
Nessa ocasião, como já foi
mencionado, Jerusalém estava cheia de judeus de todas as nações que estão
debaixo do céu (At. 2:5). Estavam ali muitos judeus das regiões mais
afastadas do Império Romano, desde a Mesopotânia a leste, até Roma a oeste, e
até a África, a sudoeste. Não é esclarecido que todos os que se converteram
eram de todas essas nações; mas como encontramos referências de cristãos em
Damasco, Cirene, Chipre, Roma e outras partes, é bem provável que muitos tenham
se convertido nessa ocasião.
Do versículo 42 ao 47, podemos
observar como esses primeiros cristãos viviam e como se relacionavam:
Perseveram na comunhão; perseveravam
no partir do pão; perseveravam nas orações; em cada um havia temor; muitos sinais e prodígios eram feitos; vendiam as suas propriedades e bens e distribuíam
entre todos; louvavam a Deus.
O resultado era que muitas pessoas
eram acrescentadas. Pessoas de toda parte eram atraídas pelo gozo e alegria e
forma de vida dos novos
convertidos.
Devido ao crescimento do Evangelho
e a propagação do nome e dos feitos de Jesus, muitos opositores começaram a se
levantar contra a Igreja. A primeira perseguição foi desencadeada pelos
saduceus, mas haviam os fariseus, os herodianos, e vários outros grupos
religiosos, fazendo oposição aos seguidores de Jesus.
O primeiros mártires
A Morte de
Estevão e a Conversão de Saulo
(Capítulos 3 a 9)
O capítulo 3 inicia junto à Porta
Formosa do Templo. Pedro havia curado um coxo de nascença, que era levado
diariamente àquele lugar para pedir esmolas. O milagre atraiu a atenção dos líderes judeus e resultou na primeira
A oposição à igreja. Ao juntar-se uma multidão
ao redor do coxo, curado tão milagrosamente, Pedro aproveitou a oportunidade
para pregar o seu segundo sermão, de que temos registro. Ele não poupou os
judeus. Voltou a dizer-lhes que Cristo, a quem haviam crucificado, era o
Messias há muito prometido. As palavras de Pedro e João foram tão poderosas que
um total de cinco mil pessoas já tinham recebido a Cristo.
Neste sermão, Pedro alcança o pico
mais elevado da Cristologia. A
princípio parece que ele atribui o milagre da cura do coxo de nascença ao “Deus
de Abraão, de Isaque e de Jacó” (At. 3:13), e depois a Jesus (v. 16). No
entanto, vemos uma correspondência entre o Jeová do Antigo Testamento com o
“nome” de Jesus do Novo Testamento. “E
matastes o Autor da vida, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós
somos testemunhas. E pela fé em seu nome fez o seu nome fortalecer a este homem
que vedes e conheceis; sim, a fé, que vem por ele, deu a este, na presença de
todos vós, esta perfeita saúde” (At. 3;15,16).
Os líderes revoltaram-se porque os
apóstolos ensinavam ao povo que esse Jesus a quem eles haviam crucificado,
ressuscitara dos mortos e iria voltar (At. 4:2). Ordenaram-lhes que não
pregassem, mas a oposição só fez a igreja prosperar. Vendo a crescente
popularidade do nome de Jesus, os sacerdotes mandam prender Pedro e João, para
que não falassem mais de Jesus. Nota-se a coragem de Pedro na maneira decidida
com que fala nos versículos 9-12, 19, 20 do capítulo 4. Podemos notar um Pedro
totalmente diferente de semana antes, quando negou o Senhor. Agora, sem
vestígio de medo, desafia as autoridades que mataram a Jesus.
Os sacerdotes com os guardas, leva-os
presos por perturbação da ordem e pregação de heresias. Esses sacerdotes
pertenciam ao partido dos saduceus, que
não acreditavam na ressurreição dos mortos, assunto este predominante na
pregação de Pedro.
No dia seguinte a prisão, eles são
levados diante do concílio religioso dos judeus, chamado Sinédrio. Eles estavam
sendo acusados de blasfêmia contra o Deus dos judeus, por causa do homem que
fora curado em nome de Jesus. Pedro, entretanto, não volta atrás e confirma
diante do Sinédrio as suas confissões.
“Seja conhecido de vós todos, e de todo o povo de Israel, que em nome de
Jesus Cristo, o nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus
ressuscitou dentre os mortos, nesse nome está este aqui, são diante de vós. Ele
é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta como
pedra angular. E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum
outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos” (At. 4:10-12).
Como não acharam motivos para
castigá-los e por causa do povo que glorificava a Deus pelo que acontecera com
o coxo, os libertaram deixando-os ir. Assim que foram soltos, procuraram seus
amigos e contaram as experiências e se uniram em oração e louvor. Ameaçados
pela força humana, eles se voltaram para o poder que vem de Deus. Exaltavam o
poder onipotente de Deus revelado na criação (v. 24); discorrem sobre os
inimigos que se levantaram contra Jesus (vs. 25-27); e suplicam a Deus que
conceda a eles ousadia para continuar pregando a Palavra e poder para fazer
sinais e maravilhas (vs. 29,30).
A medida que oravam, recebiam respostas,
conforme as petições feitas. Segundo o
texto de Atos 4:31, se lê que tendo eles
orado, tremeu o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito
Santo, e anunciavam com intrepidez a palavra de Deus.
PRONTOS A CONSIDERAR
Dessa
fervorosa oração elevada a Deus pela
comunidade cristã de Jerusalém, face à perseguição sofrida pelos apóstolos
Pedro e João, temos dois pontos a considerar. Primeiro, nosso Deus é um Deus
que ouve e responde as orações dos que nEle confiam e a Ele recorrem. Como sinal
de que tinham sido ouvidos “aterra tremeu”, e, em seguida, sob a direção do
Espírito Santo, com ousadia e liberdade pregavam. Em segundo lugar, é
interessante observar o sentimento que atuava nos corações daqueles cuja oração
fora atendida: (1) estavam dominados por um santo temor; (2) reinava liberdade
para prosseguir no trabalho de anunciar Cristo; (3) movidos pelo altruísmo,
apresentavam o Cristo ressurreto, poderoso para salvar. As orações dos que
abrigam tão nobre sentimento hão de ser respondidas sempre que o Reino de
Deus a Sua justiça ocuparem o primeiro
lugar em suas vidas. Orações que demonstram submissão amor a Deus são orações que jamais ficam sem
resposta. (EETAD, O Livro
de Atos, pág. 56)
Depois dessa experiência, as
pregações trouxeram ainda mais unidade à Igreja. O poder divino manifesto no
mais alto grau operava nos e através dos apóstolos.
Da multidão dos que creram era um o coração e a alma (4:32). Os
apóstolos davam o testemunho da ressurreição do Senhor Jesus (4:33). Um grande mover se fazia presente no meio do
povo que não havia entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam
terras ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que vendiam e o depositavam
aos pés dos apóstolos. E se repartia a qualquer um que tivesse necessidade
(4:34,35).
Ninguém era obrigado a desfazer-se
dos seus bens. Não se esperava isso deles. Quando alguém trazia o que tinha era
um ato espontâneo. A Igreja tornou-se tão desprendida que vendiam os seus bens
e depositavam os valores correspondentes aos pés dos apóstolos para serem
distribuídos à medida que alguém tivesse
necessidade. Contudo, mesmo esse ato de amor generosidade, estava sujeito
ao abuso e ao engano.
No capítulo 5, Ananias e Safira
mostravam o espírito de engano, pelo qual iludiram a si mesmos e aos apóstolos.
Mas o Espírito Santo revelou a verdade da situação. Eles queriam glória sem
pagar o preço. Queriam honra sem honestidade.
Foram punidos de morte instantânea por terem declarado que estavam dando
tudo a deus, quando guardavam uma parte para si (At. 5:4,5).
O PROPÓSITO DO JULGAMENTO
“E sobreveio grande temor a toda a igreja e a todos os que ouviram estas
coisas” (At. 5:11). No princípio do Cristianismo era importante que toda a corrupção fosse
afãstada do seu meio - daí o terrível castigo de Ananias e Safira. Tal castigo
ensinou a todos que a Igreja é uma instituição sagrada, e que ela não tolera a
desonestidade. Muitos dos que tiveram conhecimento do triste fato, tinham
admiração pelo Cristianismo, sem contudo ousar se filiar a ele (v. 13), porque
ninguém, a não ser mediante a conversão e transformação, iria juntar-se a uma
organização em que os hipócritas caíam mortos.
O julgamento divino contra o pecado de Ananias e Safira levou a um
aumento de humildade, reverência e temor do povo para com um Deus santo. (EETAD,
Livro de Atos, pág. 58,59).
O poder do testemunho dos apóstolos
residia no fato de suas vidas serem uma confirmação da vida do Cristo
ressuscitado. Quando se operavam sinais e prodígios, as multidões vinham para
ver. Quando o Espírito Santo estava presente, o povo via o poder de Deus. O
mesmo acontece hoje. Quando as igrejas apresentam Cristo em sua formosura e o
Espírito Santo em seu poder, o povo vem.
Jesus atrai todos os homens. Os milagres em geral produzem conversões. Quando o
milagre das línguas apareceu, a multidão afluiu (2:6). Quando Pedro e João
curaram o homem junto à Porta Formosa, o povo correu atônito para junto deles no
pórtico chamado de Salomão (3:11). Quando o milagre do julgamento veio
sobre Ananias e Safira, crescia mais e
mais a multidão de crentes, tanto homens como mulheres, agregados ao Senhor (5:14).
Uma igreja cheia do Espírito Santo é uma igreja que trabalha.
“Levantando-se o sumo sacerdote e todos os que estavam com ele (isto é,
a seita dos saduceus), encheram-se de inveja, deitaram mão nos apóstolos, e os
puseram na prisão pública” (At. 5:17,18). Vemos novamente que o trabalho maravilhoso dos apóstolos provocou a
oposição do Sinédrio (um tribunal de 70 juízes). Com o propósito de impedir a
ação dos apóstolos, as autoridades mandam prendê-los, mas a ação deles tem
êxito por pouco tempo, pois de noite um
anjo do Senhor abriu as portas do cárcere... conduzindo-os para fora (v.
19).
No dia seguinte, o conselho aguardava
os presos para o julgamento, no entanto, são surpreendidos com a notícia de que
não se encontravam na prisão. “Achamos
realmente o cárcere fechado com toda a segurança, e as sentinelas em pé às
portas; mas, abrindo-as, a ninguém achamos dentro” (v. 23), e, ficaram
ainda mais surpresos quando ouviram: “Eis
que os homens que encerrastes na prisão estão no templo, em pé, a ensinar o
povo” (v. 25).
Eles são levados presos novamente
perante o Conselho e chamados à atenção por insistirem a ensinar em nome de
Jesus. Mas eles respondem que mais
importava obedecer a Deus do que aos homens (v. 29). Pedro continua com seu discurso duro e
direto, dizendo que eles mataram a Jesus. E prossegue discursando que Deus O
ressuscitara e O elevara a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados.
“Ora, ouvindo eles isto, se enfureceram e queriam matá-los” (At. 5:33). Nesse momento entra em cena um certo fariseu chamado Gamaliel, doutor da
lei, venerado pelo povo, que convence o Conselho a deixar os apóstolos em
paz com o seguinte parecer: “Agora vos
digo: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque este conselho ou esta
obra, caso seja dos homens, se desfará;
mas, se é de Deus, não podereis derrotá-los; para que não sejais,
porventura, achados até combatendo contra Deus”(At. 5:38,39).
O SÁBIO RABINO GAMALIEL
Foi discípulo de
Hilel e mestre de Saulo. Foi o rabino mais ilustre do seu tempo e líder do
partido dos fariseus no Sinédrio. Por isso o seu julgamento a respeito dos apóstolos ser respeito pelos saduceus.
Teudas, a quem Gamaliel se refere em Atos 5:33, foi um mágico que, segundo
relato do historiador Flávio Josefo, guiou um ban-do de adeptos seus ao Jordão,
prometendo separar as águas para atravessarem a pés enxuto, como fizera o povo
de Israel. Considerado um elemento perigoso, foi atacado e morto por soldados
enviados pelo procurador Fado. ( EETAD, O Livro de Atos, pág. 61)
Um grupo de pescadores ignorantes
levantara-se para ensinar, e as multidões os ouviam e seguiam. Esta é a razão
de o Sinédrio estar perturbado. Apesar de os apóstolos terem sido açoitados e
proibidos de pregar, sentiam-se felizes por terem sido achados dignos de sofrer
pelo nome de Jesus. E todos os dias, no
templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus, o
Cristo (5:42).
E crescia o número de discípulos e
seguidores do cristianismo, mas também surgiu um problema sério que precisava
ser solucionado rapidamente. No início a Igreja em Jerusalém cuidava dos seus
membros pobres e das viúvas, principalmente. Com á falta de organização desse
trabalho, as viúvas que pertenciam ao grupo helenista (grego) estavam sendo
discriminadas pelos judeus de fala hebraica, que eram a maioria. Esse
acontecimento se tornou grave pois poderia levar a uma dissensão entre os dois
grupos. Foi convocada uma reunião onde os doze apóstolos apresentaram a questão
e a seguinte solução: “Não é razoável que
nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos,
dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de
sabedoria, aos quais encarreguemos deste serviço. Mas nós perseveraremos na
oração e no ministério da palavra” (At. 6:2-4). Parecendo bem à todos,
foram indicados sete nomes para ficarem encarregados de trabalho: Estevão,
Felipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau.
Eram homens cheios do Espírito
Santo, de sabedoria e de fé. E foram escolhidos entre os judeus helenistas, e
de fala grega. Havia agora dois de ofícios na igreja. Um era o de “servir as
mesas”, cuidar da beneficência. O outro era o da pregação e da oração. Dois deles, Estevão e Felipe, se projetaram muito
além dos limites desta função especial.
Eles tornaram-se homens de grande influência na igreja, talvez por isso a oposição centralizou-se
neles, principalmente em Estevão. Leia as experiências registradas nos capítulo
6 e 7. Estevão era simplesmente um leigo, mas foi um dos primeiros diáconos.
Ele é descrito como homem cheio de graça
e de poder (6:8). O Espírito Santo
lhe deu pode para fazer sinais e prodígios, lhe deu grande sabedoria para
pregar o evangelho de tal maneira, que seus oponentes não encontraram nada para
contestar os seus argumentos (6:10). “Então
subornaram uns homens para que dissessem: Temo-lo ouvido proferir palavras
blasfemas contra Moisés e contra Deus” (At. 6:11).
Estevão é levado perante o
conselho, o mesmo que tinha é
crucificado a Jesus e que havia proibido os apóstolos de falar de Jesus.
Perante o Sinédrio, ele discursa em defesa da fé propagada e dos apóstolos. Ele
faz um resumo histórico do Antigo Testamento, caracterizando os judeus como
responsáveis pela morte de Jesus. Lucas, relata que, quando Estevão falava, seu
rosto era como de anjo. Os líderes da sinagoga não puderam resistir à sabedoria e ao espírito com que ele falava.
A ira deles transformou-se em ódio homicida. “Então eles gritaram com grande voz, taparam os ouvidos, e arremeteram
unânimes contra ele e, lançando-o fora da cidade, o apedrejavam. E as
testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um mancebo chamado Saulo. E,
apedrejavam, pois, a Estêvão”(At. 7:5759). Estevão tornou-se o primeiro
mártir da Igreja cristã. Podemos atribuir à morte de Estevão, sem dúvida, as
primeiras impressões que os seguidores de Jesus causaram em Saulo.
No início do capítulo 8, lemos: “E
também Saulo consentiu na morte dele (Estevão)” (At. 8:1a). Saulo foi o grande líder da primeira
perseguição em grande escala contra a igreja. Homens e mulheres eram encerrados
na prisão e açoitados, e muitos foram mortos (8:3). Os discípulos tinham sido
testemunhas em Jerusalém, mas Jesus dissera que deviam ir à Judéia e Samaria.
Os guias religiosos julgavam estar fazendo a
vontade de Deus ao procurarem acabar com o Cristianismo, matando os
cristãos. Sem saber, Saulo realmente começou naquela ocasião sua obra espalhar o Evangelho. Ele pensava estar
destruindo o Cristianismo, quando, na verdade, o estava divulgando. Entrementes, os que foram dispersos iam por
toda parte, anunciando a palavra (8:4).
O ALCANCE DA DISPERSÃO
O ataque a comunidade cristã em Jerusalém, fez com que milhares deles se
espalhassem por toda a Palestina. Os cristãos, com o coração cheio de fé e
fervor, levaram o Evangelho por onde iam. Alguns deles chegaram à grande cidade
de Antioquia, na Síria. Nessa cidade, em meio a uma população grega, os
exilados tornaram Jesus conhecido tanto de gregos como de judeus. Antioquia foi
fundada cerca do ano 300 a.C. por Seleuco I Nicator, era a mais famosa das
dezesseis Antioquias. Apesar da
população de Antioquia ser mista, Josefo registra que os selêucidas encorajaram
os judeus a emigrarem para ali em grande número, dando-lhes plenos direitos de
cidadãos. Foi em Antioquia que os seguidores de Jesus foram chamados cristãos
pela primeira vez. Assim, os crentes de então deram o grande passo par o
estabelecimento do Cristianismo no mundo todo, pois mais tarde a próspera
igreja de Antioquia enviaria Barnabé e Paulo para pregarem aos gentios. (EETAD,
O livro de Atos, pág. 70, 71).
Esta foi a razão do Evangelho
espalhar-se a princípio. Qual foi a comissão dada aos discípulos? Ide por todo mundo e pregai o evangelho. Quantos discípulos Jesus treinou para a sua
obra? Somente doze, e um deles o abandonou.
Lá estavam eles em Jerusalém, e todo mundo precisando do Evangelho. A
perseguição de Saulo, espalhou os cristãos pelo mundo. Não foi a covardia que
os levou a fugir, porque os encontramos em toda parte pregando o Evangelho.
“E descendo Filipe à cidade de Samaria, pregava-lhes a Cristo. As
multidões escutavam, unânimes, as coisas que Filipe dizia, ouvindo-o e vendo os
sinais que operava; pois saíam de muitos possessos os espíritos imundos,
clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos foram curados; pelo que
houve grande alegria naquela cidade” (At. 8:6-8). Filipe, um dos sete diáconos escolhidos, era
evangelista. Como resultado da perseguição, ele se estabeleceu em Samaria. Com
isso a população samaritana foi alcançada pelo evangelho através da vida de
Filipe. O êxito de sua pregação foi tão grande que Pedro e João são enviados a
Samaria para ver o que estava acontecendo. Chegando na cidade, eles constataram
a conversão dos samaritanos e impondo-lhes as mãos eles foram cheios do
Espírito Santo.
E um certo homem chamado Simão
chega próximo aos discípulos e oferece-lhes dinheiro, dizendo: “Dai-me também a
mim esse poder, para que aquele sobre quem eu impuser as mãos, receba o
Espírito Santo” (8:19). Simão era um mágico que plantava um certo temor no povo
com seus poderes. Ele vendo o que acontecia quando os apóstolos colocavam aos
mão sobre as pessoas, ofereceu dinheiro em troca desse “poder”. Mas, diante da
dura resposta de Pedro, Simão pede: “Rogai
vós por mim ao Senhor, para que nada do que haveis dito venha sobre mim” (At.
8:24). De acordo com Hipólito - um dos principais líderes da Igreja antiga,
a exibição final de Simào foi um fracasso. Ele foi enterrado vivo, prometendo
reaparecer dentre de três dias; mas não conseguiu.
“Ele não era de Cristo” - relata
Hipólito.
Voltando a Filipe, multidões o
seguiam em sua campanha de evangelização, mas Deus lhe diz que deixasse o
trabalho que estava fazendo com tanto êxito, para ir para a banda do sul, no caminho que desce de Jerusalém a Gaza.
Filipe obedeceu e no caminho encontrou em etíope, que pelo seu testemunho, se
converteu ao Cristianismo e que sem dúvida levou o Evangelho à África. O
Evangelho estava a caminho dos confins da terra. Enquanto o novo convertido continua sua
viagem, Filipe, que fora arrebatado pelo Espírito, se achou depois em Azoto, e ia anunciando o Evangelho em todas cidades,
até que chegou a Cesaréia (v. 40).
O capítulo 9 narra a conversão de
Saulo. Pouco se sabe sobre ele, no intervalo do seu nascimento até o seu
aparecimento em Jerusalém. Embora fosse da tribo de Benjamim, era um zeloso
membro da seita dos fariseus. Era cidadão romano por ter nascido na cidade
grega de Tarso, na Ásia Menor, pertencente na época ao império romano. Ele
teria sido levado para Jerusalém ainda criança, onde foi educado aos pés de
Gamaliel.
A primeira menção feita sobre Saulo
foi por ocasião da morte de Estevão. O martírio deste parece ter influenciado
aquele perseguidor da Igreja. A sua conversão é uma das mais emocionantes da
História. Antes ele estava espirando
ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor (9:1), mas depois o
veremos pregando nas
sinagogas, afirmando que Jesus é o Filho de Deus (9:20).
“E Saulo, dirigiu-se ao sumo sacerdote, e pediu-lhe cartas para Damasco,
para as sinagogas, a fim de que, caso encontrasse alguns do Caminho, quer
homens quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém” (At. 9:2). Ele partir para Damasco, e no caminho, já
próximo a cidade, é paralisado por um jato de luz sobrenatural e poderosa que o
faz ficar cego e cair por terra. E ouve
uma voz que dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? (9:4). Ao que ele
pergunta: Quem és tu, Senhor?
Respondeu o Senhor: Eu sou Jesus, a quem
tu persegues; mas levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te
cumpre fazer 9:5,6). Saulo tem
uma experiência muito forte, ao ponto de fazê-lo ouvir e obedecer à voz de
Deus. Nesse momento ele passa a ser um dos principais evangelistas do mundo
cristão. Cego, ele foi conduzido até a rua Chamada Direita, à casa de Judas,
onde permaneceu um tempo, até que Deus envia Ananias, para impor as mãos sobre
ele e tornasse a ver.
“Ananias, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que
te apareceu no caminho por onde vinhas, enviou-me para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo. Logo
lhe caíram dos olhos como que umas
escamas, e recuperou a vista: então, levantando-se, foi batizado” (At. 9:17,18). Três dias depois da sua conversão, Saulo
recebe a plenitude do Espírito Santo. A experiência dele forma um paralelo com
a dos discípulos no dia de Pentecoste. Primeiro, experiência do novo nascimento
- da salvação; depois o de ser “cheio do Espírito Santo”.
Depois disso Saulo vai para as sinagogas pregar a Jesus,
dizendo que Ele era o filho de Deus (9:20). Podemos calcular a confusão que ocorreu entre os judeus! Pois
agora Saulo estava defendendo a causa que antes procurou destruir. Como aceitar
no meio deles um homem que havia perseguido o povo judeu? Os judeus tentavam de
toda maneira matálo. Mas as ciladas chegavam ao conhecimento de Saulo antes e
ele conseguia fugir. Quando ele chegou em Jerusalém não foi diferente. Ele
procurava se unir aos discípulos, mas todos o temiam.
“Então Barnabé, tomando-o consigo, o levou aos apóstolos, e lhes contou
como no caminho ele vira o Senhor e que este lhe falara, e como em Damasco
pregara ousadamente em nome de Jesus. Assim andava com eles em Jerusalém,
entrando e saindo, e pregando ousadamente em nome do Senhor. Falava e disputava
também com os helenistas; mas procuravam matá-lo. Os irmãos, porém, quando o
souberam, acompanharam-no até Cesaréia e o enviaram a Tarso” (At. 9:27-30).
Somente três anos mais tarde é que
Saulo volta a cidade de Jerusalém, onde se encontra com Pedro e Tiago.
No versículo 31 do capítulo 9, dia
que a Igreja em toda a Judéia e Galiléia,
e Samaria teve paz e eram edificadas. A primeira grande perseguição à Igreja chegava
ao fim com a conversão de Saulo, o grande perseguidor dos cristãos.
A Igreja Gentílica
A Primeira
e Segunda Viagens de Paulo (Cap. 10 a
18)
A Igreja iniciada no Pentecostes
era totalmente formada de judeus, devido a certos preconceitos, tradições e
costumes do povo judaico. Entretanto, o plano divino consistia em alcançar
todas as pessoas por meio de Jesus Cristo. Os apóstolos após a experiência do
derramamento do Espírito Santo também desejavam a salvação de todas as pessoas.
No entanto, não compreendiam que a salvação já não se restringia a Israel, mas
que agora abrangia todas as nações. Deus estava quebrando toda a resistência
dos apóstolos com relação a pregação do Evangelho a toda criatura, quer judeu
ou gentio.
O próprio apóstolo Pedro
vivenciaria uma experiência maravilhosa com relação a isto. Ele pôde então
perceber que Deus não tem nenhuma nação ou raça predileta, nem favorece
qualquer indivíduo por causa da sua nacionalidade, linhagem ou posição social.
Neste capítulo veremos Deus
rompendo as barreiras ainda existentes nos corações, principalmente, dos
apóstolos com relação a aceitação da salvação dos gentios. Deus sanou estas
barreiras, promovendo um encontro entre duas pessoas: Cornélio, um gentio
interessado no Evangelho, e Pedro, o pregador judeu. O que Pedro tinha feito
desde o Pentecoste? Não é só o que a pessoa crê, mas o que ela faz com o que crê,
que importa. Cristo havia dito a Pedro que ele seria testemunha. Ele ajudou a
iniciar a primeira igreja, realizou milagres e batizou milhares. Seu trabalho
era entre os judeus.
Encontramos Pedro agora na casa de
Simão, o curtidor (At. 10:5,6).
Deus iria mostrar-lhe que o
Evangelho era tanto para os gentios como para os judeus. O muro alto da diferença
religiosa precisava ser derrubado. Pedro
foi o homem a quem Deus usou para iniciar essa tarefa. Jesus estava construindo
uma Igreja e queria que tanto judeus como gentios fossem as pedras vivas com as
quais fosse formada (Ef. 2:20-22).
No Pentecoste, Pedro usara as
“chaves do reino” confiadas a ele para abrir a porta do Evangelho aos judeus.
Na casa de Cornélio, Pedro faria uso da chave e abriria a porta que impedia os
gentios de entrar no reino de Deus.
Cornélio foi o primeiro gentio a
receber a mensagem do Evangelho. Ele era um oficial do exército romano em
Cesaréia. Possivelmente, ele fazia parte da guarda do próprio governador e
tinha uma posição logo abaixo deste. Cesaréia fica na costa marítima da
Palestina, à noroeste de Jerusalém, era a capital romana da Palestina.
Lucas descreve Cornélio como piedoso e temente a Deus com toda a sua
casa, que dava esmolas ao povo e orava a Deus. Em um desses momentos de
oração, foi que um anjo, em visão, disse a Cornélio que as suas orações e as suas esmolas haviam subido para memória diante de
Deus (At. 10:4). Ele nessa ocasião foi instruído a enviar mensageiros a
Jope, para chamar um homem chamado Pedro, que lhe diria o que deveria fazer.
No mesmo instante Deus preparava
Pedro para o encontro com Cornélio, um gentio. Em Atos 10:9-16, temos a
narrativa da experiência de Pedro antes de os mensageiros de Cornélio chegarem.
Se não fosse a visão especial recebida da parte de Deus, provavelmente Pedro
não iria ao encontro de Cornélio. Pedro obedece a orientação do Senhor e parte
para Cesaréia. O que aconteceu depois, foi que Cornélio e sua família
receberam a Palavra de Deus e repetiu-se
a experiência do Dia de Pentecostes, desta vez, na vida de uma família gentia.
“Enquanto Pedro ainda dizia estas coisas, desceu o Espírito Santo sobre
todos os que ouviam a palavra. Os crentes que eram de circuncisão, todos
quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que também sobre os gentios
se derramasse o dom do Espírito Santo; porque os ouviam falar línguas e
magnificar a Deus. Respondeu então Pedro: Pode alguém porventura recusar a água
para que não sejam batizados estes que também, como nós, receberam o Espírito Santo?
Mandou, pois, que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Então lhe rogaram
que ficasse com eles por alguns dias”
(At. 10:44-48).
Assim, Cornélio e sua família foram
aceitos como membros da Igreja. Isto deve ter acontecido aproximadamente dez
anos depois da fundação da Igreja em Jerusalém, e não há dúvida de que isso
contribuiu para o início da Igreja de Antioquia.
OS FIÉIS ADMIRADOS
É indiscutível a
providência divina quanto àqueles homens que da Judéia acompanharam Pedro até
Cesaréia. Aquilo que podemos chamar de prudência da parte de Pedro, ele o fez
movido pelo Senhor. Seriam testemunhas oculares de tudo que iria acontecer na
casa de Cornélio. Foram, pois, estes homens que ficaram admirados porque também
sobre os gentios foi derramado o Espírito Santo. O que aconteceu foi que a
conversão e o recebimento do espírito santo foram simultâneos. É provável que,
se os gentios tivessem somente crido e recebido o perdão da parte de Deus, sem
mais nada, os crentes judeus não teriam crido no testemunho deles, e não lhes
concederiam o batismo em água (EETAD, O Livro de Atos, pág. 83).
“Ora, ouviram os apóstolos e os irmãos que estavam na Judéia que também
os gentios haviam recebido a palavra de Deus. E quando Pedro subiu a Jerusalém,
disputavam com ele os que eram da circuncisão, dizendo: Entraste em casa de
homens incircuncisos e comeste com eles” (At. 11:1-3).
Os que eram da circuncisão,
começaram a contender com Pedro. Era muito difícil para eles aceitarem os
gentios, principalmente porque não tinham sido circuncidados conforme o Antigo
Testamento mandava fazer. Eles estavam presos a Antiga aliança. Para os judeus
agradar a Deus significa guardar a Lei. Mas Pedro teve por defesa a explicação
de como tudo aconteceu. Ele fala das palavras que ouviu na sua experiência em
Jope: O que Deus purificou não chames
imundo (11:9). O discurso de Pedro silenciou todas as objeções. Deus tinha
batizado os gentios no Espírito Santo, e este ato foi acompanhado de um sinal,
o único e suficiente para ser aceito sem mais dúvidas.
A partir desse acontecimento o Evangelho
é pregado aos gentios em Antioquia. A quem diga que o Cristianismo dos dias
primitivos foi uma história de duas cidades - Jerusalém e Antioquia. Após o
acontecimento na casa de Cornélio, os demais apóstolos, aprovando a atitude de
Pedro, contribuíram para que o Evangelho expandisse mais e mais entre os
gentios, de modo que a segunda igreja cristã foi fundada a partir desse
episódio. No restante do capítulo 11, a Palavra de Deus era anunciada entre os
gregos em Antioquia e aconteceu que a mão
do Senhor era com eles, e grande número creu e se converteu (11:21).
Com
a notícia da formação de uma igreja gentílica na sua maioria, os
apóstolos enviam a Barnabé para averiguar os fatos. Ele fica maravilhado em ver
a mistura de judeus e gentios, e também, com os sinais e prodígios que se
faziam no meio deles (11:22,23).
Nessa igreja um novo nome foi dado
aos discípulos de Jesus. Em Antioquia eles foram chamados cristãos pela
primeira vez (11:26). É interessante notar que a igreja tinha perdido contato
com Saulo. Não estavam interessados no que havia acontecido com ele, mas
Barnabé foi procurá-lo (11:25). Ele tinha mantido contato com Saulo todos esses anos. Se não
fosse Barnabé, ele poderia ter permanecido na obscuridade a vida toda. Juntos
Saulo e Barnabé continuaram a promover a grande obra que Deus iniciara em
Antioquia.
ÁGABO, PROFETA EM ANTIOQUIA
Em Atos 11:27, nos diz
que alguns profetas de Jerusalém desceram até Antioquia. E levantando-se um
deles de nome Ágabo anunciou na igreja de Antioquia, que estava por vir
grande e generalizada fome sobre o
mundo. Suetônio, historiador romano, confirma que no reinado do imperador
Claúdio César foi assinalado que não houve safras em certos anos. Diz-nos mais
o historiador Josefo que por volta do ano 46, a Palestina foi duramente
castigada pela fome, e que a rainha-mãe judia, de Adiabene, no norte da
Mesopotâmia, comprou trigo no Egito e figos em Chipre para acudir as
necessidades dos judeus na Palestina. Nesse tempo, Saulo e Barnabé foram
enviados a Jerusalém pela igreja de Antioquia, conduzindo o produto duma coleta
especial que a igreja levantara para ajudar os cristãos palestinenses em sua
situação angustiosa (EETAD, O Livro de Atos, pág. 85).
“Por aquele mesmo tempo o rei
Herodes estendeu as mãos sobre alguns da igreja, para os maltratar; e matou à
espada Tiago, irmão de João” (At. 12:1,2). Esse se constituiria o terceiro
grande ataque contra os discípulos. Herodes estava sempre pronto a fazer alguma
coisa contra os judeus cristãos. Ele manda matar Tiago, irmão de João. Foi o
primeiro apóstolo a morrer como mártir. Morreu pela causa de Deus. Herodes
vendo que sua atitude agradara aos líderes religiosos judeus, manda prender
também a Pedro. A situação parecia muito
ruim. Tiago fora morto. Herodes mantinha Pedro na prisão vigiado por dezesseis
soldados. Todavia a igreja permanecia em oração. E as suas orações não
demoraram a ser atendidas. Na noite
anterior a sua execução, Pedro dormia tão tranqüilamente, que o anjo teve de
tocar-lhe a fim de despertá-lo do sono,
e disse-lhe: Cinge-te e calça as
tuas sandálias. E ele o fez. Disse-lhe mais: Cobre-te com a tua capa e segue-me (12:8). A libertação de Pedro é um dos acontecimentos mais maravilhosos
que temos narrado no Novo Testamento (leia o trecho de Atos 12: 9-11). Liberto
da cadeia, Pedro foi à casa de Maria, mãe de João Marcos, onde os discípulos
estavam reunidos e orando.
“Mas Pedro continuava a bater, e,
quando abriram, viram-no e pasmaram. Mas ele, acenando-lhes com a mão para que
se calassem, contoulhes como o Senhor o tirara da prisão, e disse: Anunciai
isto a Tiago e aos irmãos. E, saindo, partiu para outro lugar” (At. 12:16,17).
Aconteceu que quando já era dia os
soldados estavam alvoroçados sem saber o que tinha acontecido com Pedro.
Herodes estava bastante irritado com a situação. Em Atos 12: 21,22, Herodes
teve a petulância de querer ser visto pelo povo como se fosse Deus. Por causa
disto, subitamente, o anjo de Deus o feriu e morreu comido por vermes.
PAULO O MISSIONÁRIO
Estamos agora
diante do missionário PAULO – homem que, diríamos, viveu intensamente o antes e
o depois. Isto é, antes de Cristo e, depois de Cristo. Dois períodos—dois
nomes. No seu tempo “antes de Cristo”, foi de Tarso a Damasco. Era o valente
SAULO. No seu tempo “depois de Cristo”, ou, melhor dizendo, “depois com
Cristo”, foi de Damasco até Óstia (porto
de Roma). Era o intrépido PAULO. Com
Paulo o Evangelho deixaria de ser um dom judaico e se tornaria um patrimônio
outorgado por Deus a todos os povos. A Igreja adquiria uma visão global da
vontade de Jesus que era de tornar conhecida a todas as nações, tribos, povos e
línguas—a vontade salvadora de Deus (EETAD, O Livro de Ato, pág. 95)
A partir do capítulo 13 nos é
apresentada a maior etapa do desenvolvimento da Igreja. No início, o Evangelho
era algo somente para os judeus, depois foi levado aos judeus gregos e
helenistas, mas por último se difundiu a todos os gentios.
A primeira viagem missionária do
apóstolo Paulo (cap. 13,14)
Havia chegado o tempo de iniciar a
história missionária da evangelização dos gentios, indicada pelo Espírito Santo
aos profetas pertencentes à igreja de Antioquia, os quais, por ordem divina
separaram a Barnabé e a Saulo esta obra a que Deus os havia chamado. Obedecendo
à direção divina e com o apoio da igreja de Antioquia, o apóstolo iniciou a
primeira viagem missionária, por volta do ano 45 a 50.
Barnabé, que era o mais velho,
dirigia o movimento, mas Saulo, em breve, ocuparia o primeiro lugar por causa
de seus dotes oratórios. Saíram de Antioquia para Selêucia, dali foram para
Chipre, pátria de Barnabé. Desembarcando em Salamina, na costa de Chipre,
começaram a trabalhar, como de costume, nas sinagogas. Percorreram toda a ilha
até chegarem a Pafos, na costa sudoeste.
Neste lugar despertaram a atenção
de Sérgio Paulo, procônsul romano. Saiu-lhes ao encontro, com violenta
oposição, um feiticeiro judeu, chamado Barjesus, também conhecido por Elimas o
mago, que previamente havia conseguido a proteção do procônsul (13:6,7). Paulo
resistiulhe indignado e repreendeu-o severamente, e feriu-o de cegueira.
Resultou disto a conversão de Sérgio Paulo (13:8-12).
No versículo 9, do capítulo 13,
Saulo é citado pela primeira vez como Paulo: “Todavia Saulo, também chamado Paulo, cheio do Espírito Santo (...)”.
A partir desse capítulo Saulo é chamado de Paulo.
Partindo de Chipre, o grupo de
missionários de que Paulo era agora o líder, navegaram para a Ásia Menor e
chegaram a Perge na Panfília. Ali, João Marcos, por motivos ignorados, deixou
os seus companheiros e regressou a Jerusalém.
Os dois, Paulo e Barnabé não se detiveram em Perge, dirigiram-se para o
norte, chegaram à Frígia e foram até Antioquia da Pisídia. Esta era a cidade
principal da província romana de Galácia.
Entraram na sinagoga judaica, e a convite dos chefes da sinagoga,
proferiu o grande discurso, registrado em Atos 13:16-41. Este discurso fomentou
a odiosidade dos judeus, mas impressionou a alguns outros e ainda mais aos
gentios que já estavam sob a influência da sinagoga e formavam o laço de união
entre esta e o mundo gentílico para o trabalho de Paulo. No sábado seguinte
deu-se o rompimento entre a sinagoga e os missionários cristãos, de modo que
estes passaram a dirigir-se aos gentios. O povo da cidade, excitado pelos
judeus, levantou-se contra Paulo e Barnabé e os lançaram fora (13:50).
De Antioquia passaram a Icônio,
outra cidade da Frígia, onde uma copiosa multidão de judeus e de gregos se
converteram à fé. Aqui também houve forte resistência por parte dos judeus incrédulos, irritando os
ânimos dos gentios contra seus irmãos. Daqui, passaram para Listra e Derbe,
cidades importantes da Licaônia (14:1-6).
Em Listra, o apóstolo Paulo curou
um homem coxo desde o ventre materno. O povo, tendo visto o milagre, levantou a
voz dizendo: “Estes são deuses que
baixaram a nós em figura de homens; chamavam a Barnabé, Júpiter e a Paulo
Mercúrio” (At. 14:11,12). A popularidade de Paulo durou pouco. Irrompeu
nova perseguição, instigada pelos judeus (14:19), apedrejando-o e lançando-o
fora da cidade como morto.
Rodeando-o os discípulos, e
levantando-se ele, entrou na cidade e no dia seguinte, partiu com Barnabé para
Derbe. Seria possível aos dois missionários passar por Tarso e irem diretamente
de regresso a Antioquia da Síria. Mas não quiseram voltar sem antes consolidar
a existência das novas igrejas. Portanto, fizeram o caminho de volta pelas
cidades antes visitadas indo de Derbe até Perge, organizando igrejas e animando
os discípulos. E então retornaram a Antioquia da Síria (14:21-26).
E assim terminou a primeira viagem
missionária do apóstolo. Esta viagem compreendia todas as regiões para o lado
do ocidente, já ocupadas pelo Evangelho.
O Concílio de Jerusalém (cap. 15)
Os grandes resultados da obra de
Paulo entre os gentios, provocaram sérias controvérsias dentro da igreja. Certo
número de cristãos, vindos do judaísmo,
foram a Jerusalém para Antioquia , ensinando ali que não poderiam ser salvos os
gentios convertidos a menos que fossem primeiramente circuncidados. Alguns anos
antes, Deus havia revelado à igreja por meio do apóstolo Pedro, que os gentios
deviam ser recebidos na igreja sem a observância das leis de Moisés.
Porém os fariseus restritos,
convertidos ao Cristianismo (15:5), não se conformação com esta doutrina
vencedora na igreja da Antioquia, de tal maneira perturbaram a consciência dos
irmãos, que eles resolveram mandar Paulo e Barnabé, acompanhados de outros
irmãos, a Jerusalém para consultarem os apóstolos e os anciãos sobre este
assunto.
Paulo e Barnabé mostraram à igreja
mãe o que Deus havia feito por intermédio deles. Diante da oposição dos elementos judaicos reuniu-se
um concílio dos apóstolos e dos anciãos (15:6-29).
Pedro recordou o fato da conversão
de Cornélio; Paulo e Barnabé relataram os fatos que se deram em sua viagem
missionária; Tiago, irmão do Senhor, fez lembrar a profecia, anunciando a
vocação dos gentios. resolveram então aceitar como irmãos os conversos não
circuncidados, exortando-os apenas a se absterem de certas práticas altamente
ofensivas aos judeus. A vitória do apóstolo Paulo nesta questão serviu para
conservar a unidade da igreja e garantir a liberdade dos gentios.
O resultado da assembléia foi uma
carta explicando a decisão tomada, com o seguinte teor (At. 15:23-29):
“Aos irmãos, apóstolos e anciãos,
aos irmãos dentre os gentios em Antioquia, Síria e Cicília. Saudações!
Portanto ouvimos que alguns dentre nós, aos quais nada mandamos, vos têm
perturbado com palavras, confundindo as vossas almas, pareceu-nos bem, tendo
chegado a um acordo, escolher alguns homens e enviá-los com os nossos amados
Barnabé e Paulo, homens que têm exposto as suas vidas pelo nome de nosso Senhor
Jesus Cristo. Enviamos portanto Judas e Silas, os quais também por palavra vos
anunciarão as mesmas coisas. Porque pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não
vos impor maior encargo além destas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas
aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição; e destas
coisas fareis bem de vos guardar”.
A segunda viagem missionária do
apóstolo Paulo (cap. 15:36 - 18)
Paulo e Barnabé não haviam dito aos
gentios nada sobre o cumprimento da lei de Moisés. Isso como pudemos ver trouxe
muitas discordância na igreja de Jerusalém. Eles apenas afirmaram aos gentios: Crê no Senhor Jesus, e serás salvo. Após terem solucionado o problema quanto a
necessidade do gentio passar pela circuncisão e aceitar as leis e cerimônias
judaicas, antes de tornar-se cristão, Paulo e Barnabé concordaram em visitar
novamente às igrejas estabelecidas durante a primeira viagem missionária.
Porém desta vez Paulo acha por bem
que João Marcos não os acompanhe já que os havia deixado no meio da outra
viagem. Este ponto acabou por trazer discórdia ente ele e Barnabé. E aconteceu
que os dois acabaram se separando. Barnabé prosseguiu com João marcos para
Chipre, enquanto que Paulo levando consigo Silas saiu a percorrer a Ásia Menor.
Primeiro visitaram as igrejas da
Síria e da Cilícia; depois passaram para o lado do norte, atravessaram as
montanhas do Tauro e passaram às igrejas que Paulo havia fundado na sua
primeira viagem. Foram a Derbe e a Listra. Nesta última cidade, Paulo encontrou
Timóteo e tanto se agradou dele que o levou consigo. Timóteo veio a ser tornar
fiel amigo e companheiro de Paulo nos anos seguinte. “Quando iam passando pelas cidades, entregavam aos irmãos, para serem
observadas, as decisões que haviam sido tomadas pelos apóstolos e anciãos em
Jerusalém. Assim as igrejas eram confirmadas na fé, e dia a dia cresciam em
número” (At. 16:4,5).
Saindo de Listra passou para Icônio
e para Antioquia da Psídia. E passando pela Frígia e pela província da Galácia,
foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia. Depois
partiram até Mísia e intentavam passar à Bitínia, mas foram de novo impedidos
pelo Espírito Santo. E, tendo saído de Mísia, desceram a Trôade. Essa cidade
ficava perto da antiga Tróia. Em Trôade, Paulo teve a visão com o varão que o
rogava: “Passa à Macedônia e ajuda-nos”
(16:9). Obedecendo a esse chamado, os
missionários juntamente com Lucas, dirigem-se para a Europa e desembarcando em
Neápolis, seguem logo para a importante cidade de Filipos (16:11-40).
Aqui fundaram uma igreja, que
sempre foi cara ao coração de Paulo. Aqui também, pela primeira vez, entrou em
conflito com os magistrados romanos, servindo-se então dos seus direitos de
cidadão romano em favor de seu trabalho.
A primeira pessoa convertida nessa
cidade foi Lídia, negociante de púrpura, vinda de Tiatira. Possivelmente foi
ela a organizadora da igreja naquela cidade. Filipos foi a primeira igreja
fundada por Paulo na Europa, uma das
suas igrejas mais fiéis, talvez a única, da qual recebeu ajuda pelos seus
trabalhos. Não podemos nos esquecer que foi ainda na cidade de Filipos que se
deu a dramática conversão do carcereiro (16:27-40).
De Filipos, onde Lucas ficou, Paulo
e Silas e Timóteo foram para a maior cidade da Macedônia, Tessalônica. A
deficiência de informaçòes sobre o trabalho neste lugar (At. 17:1-9), é suprida
pelas alusões que a ele fazem as duas epístolas àquela igreja. Eles alcançaram grandes resultados entre os
gentios e lançaram com grande cuidado os alicerces da igreja. Mas alguns judeus
desobedientes e religiosos, movidos de inveja, os acusaram de “alvoroçar o
mundo”, elogio que não foi pequeno à magnitude de sua obra. De Tessalônica,
seguiram para Beréia, onde tiveram um ministério bem aceito. Deste lugar, após
valiosos resultados até mesmo dentro da sinagoga, seguiram para Atenas (At.
17:15-34).
Atenas durante mil anos (500 a.C.-
500 d.C), foi o centro da filosofia, da literatura, da ciência, da arte;
a sede da maior universidade do mundo. Atenas era regida por um conselho
denominado Aerópago. Esse conselho tinha também autoridade sobre tudo o que era
ensinado. Atenas era uma cidade religiosa - suas ruas eram cheias de ídolos,
altares e templos. A estada do apóstolo nesta cidade foi sem resultados. O que
de mais importante se deu foi o brilhante discurso por Paulo proferido no
Aerópago em presença de filósofos gregos, no qual o apóstolo fez apreciações
sobre as verdades que o Evangelho continha.
O DISCURSO DE PAULO
No Aerópago,
Paulo disputara com os adeptos das duas mais ilustre escolas de Atenas formadas
pelos estóicos e epicureus. O seu discurso perante aquele grupo de pessoas
começou com uma referência ao DEUS DESCONHECIDO: “passando eu e observando os objetos do vosso culto, encontrei também
um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós
honrais sem o conhecer, é o que vos anuncio” (At. 17:23). Paulo declarou,
pois, que a sua missão era tornar conhecido esse Deus que todos os atenienses
adoravam sem conhecê-lo. E prossegui conclamando todos a se arrependerem,
porquanto Deus tem determinado um dia em
que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que para isso ordenou;
e disso tem dado certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos (17:31). Os ouvintes, que até então
haviam se mostrado interessados nas palavras de Paulo, passam a discordar com
ele, pois tinha mencionado “ressurreição”. Passaram a escarnecer e zombar do
que Paulo dizia. A imortalidade da alma era um ponto comum entre eles, mas a
ressurreição do corpo era tão absurda quanto indesejável (EETAD, O Livro de Atos, pág. 105,106).
Dali, Paulo segue para Corinto, uma
das principais cidades do Império Romano, onde se deteve por dezoito meses e
fundou uma forte igreja (At. 18:1-18). Travou também relações com um casal de
judeus, Áqüila e Priscila e hospedou-se em sua casa. A princípio pregava na
sinagoga, depois, por causa da oposição dos judeus, passou a pregar em casa de
um homem chamado Tito Justo, que servia a
Deus, próxima a sinagoga. E muitos
dos coríntios, ouvindo-o, creram e foram batizados (v. 8). Merece destaque
a conversão de Crispo, principal da sinagoga, juntamente com toda a sua
família. De Corinto escreveu as
epístolas aos Tessalonicenses com o propósito de advertir os irmãos contra
certas doutrinas e práticas nocivas que ameaçavam a igreja. As hostilidades dos
judeus continuavam. Então os judeus levantaramse contra Paulo e o acusaram de
violar a lei diante do procônsul da Acaia, Gálio. O procônsul decidiu que a
questão devia ser resolvida pelo líderes da sinagoga e que o Paulo não havia
violado lei alguma que exigisse a sua intervenção. Nesta época, o império romano
defendia os cristãos das violências dos judeus, deste modo eles podiam continuar
o trabalho sem embaraço.
UM CERTO JUDEU CHAMADO APOLO (AT. 18:24,25)
Chegou a Éfeso, Apolo,
natural de Alexandria, homem eloqüente e poderoso nas Escrituras. Era ele
instruído no caminho do Senhor e, sendo fervoroso de espírito, falava e
ensinava com precisão as coisas concernentes a Jesus, conhecendo entretanto
somente o batismo de João. Apolo estava despertando o interesse na sinagoga de
Éfeso, com palavras de grande poder. Como ele conhecia o batismo de João,
Áqüila e Priscila, apressaram-se por ensinar-lhe o caminho do Senhor, conforme
os ensinos que haviam recebido de Paulo. Devidamente preparado, Apolo decidiu
seguir para a Grécia, mas os irmãos recomendaram-no à igreja de Corinto. Seu
trabalho foi de tão grande proveito para aquela igreja que Paulo mais tarde
escreveu: “Eu plantei, Apolo regou”(I Co. 3:6). Estas palavras de Paulo foram
escritas em razão dos partidos que estavam se formando no seio da igreja de Corinto,
em torno das pessoas de Paulo e Apolo (EETAD, O Livro de Atos, pág. 108).
De Corinto vai para Éfeso, onde não
se demorou. Éfeso, na época era a metrópole da Ásia Menor. Ficava à margem da
estrada imperial que ia de Roma para o Oriente, sede do culto a deusa
Diana. Segue então para Cesaréia e daí
apressadamente para Jerusalém. Havendo saudado a igreja mãe, voltou a Antioquia
de onde havia partido. Assim terminou ele a segunda viagem missionária de que
resultou o estabelecimento do Cristianismo na Europa. A Macedônia e a Acaia
estavam evangelizadas. O Evangelho havia dado grande passo para a conquista do
império romano.
A TERCEIRA VIAGEM DE PAULO
Paulo, o
prisioneiro do Senhor (Cap. 19 A 28)
O apóstolo Paulo tinha como meta principal
evangelizar os povos gentílicos. As perseguições sofridas em sua primeira e
segunda viagens missionárias não o
desestimularam, pelo contrário, ele estava disposto a enfrentar todas as
dificuldades. Chega então, o momento do apóstolo empreender sua terceira viagem
missionária. Depois de algum tempo em Antioquia da Síria, talvez no ano 54,
Paulo deu início à sua terceira viagem. Primeiro atravessou a região da Galácia
e da Frígia a fim de estabelecer os discípulos, depois partiu para Éfeso.
Parece que a anterior proibição de pregar o Evangelho na Ásia, havia sido
removida.
Éfeso era a capital da Ásia e uma
das cidades de maior influência no oriente. Ela era talvez, com exceção de
Roma, a maior cidade do mundo e a mais
cosmopolita. Paulo gastou três anos de seu ministério nesta cidade. Éfeso era
famoso por seu luxo, por sua licenciosidade e pelo culto da deusa Diana. Os
anos que o apóstolo passou nesta região têm muita coisa interessante. Uma dos
acontecimentos marcantes foram os convertidos entusiastas que queimaram seus
livros de artes mágicas e jogaram fora os ídolos de prata. Houve uma grande
fogueira em Éfeso. Bênçãos como essas não podiam ficar por muito tempo sem
oposição. Se lermos o capítulo 19 até o fim, veremos os resultados do trabalho
de Paulo. Os artífices de prata fizeram um alvoroço e os apóstolos foram salvos
graças à intervenção das autoridades locais.
Em suas viagens, Paulo escrevia
suas maravilhosas cartas; hoje as lemos com grande proveito e interesse. De
Éfeso ele mandou sua primeira carta aos Coríntios. Depois de outros lugares,
escreveu as cartas de Gálatas, de Romanos e a segunda aos Coríntios.
Lucas deixa claro neste capítulo,
que Éfeso já tinha sido alcançada pelo Evangelho antes de Paulo chegar. Ele
registra nos primeiros sete versículos
do capítulo 19, o encontro de Paulo com uns doze discípulos de João Batista em
Éfeso. Eles haviam aceito a mensagem pregada por João, tinham se arrependido e
sido batizados em água. Ao que parece eles ainda esperavam a chegada do
Messias. Depois de terem ouvido a respeito de Jesus por meio de Paulo, creram e
nasceram de novo pelo Espírito.
Durante três meses Paulo ensinou na sinagoga e
depois durante dois anos ensinou na escola de Tirano. Era a sala de aula de um
filósofo, uma pequena sala de aula de onde Paulo abalou a cidade até os
alicerces. O seu trabalho nesta cidade
notabilizou-se pela riqueza de instrução, pela operação de portentosos milagres
e pelos resultados obtidos, porque todos que habitavam na Ásia ouviram a
palavra do Senhor e até mesmo alguns dos principais da Ásia eram seus amigos. O
trabalho desempenhado também se notabilizou pelo tamanho cuidado que tinha de
todas as igrejas. Mas, como sempre, foi marcado também pela constante e feroz
persegui ção contra o seu ministério. Este período da vida do apóstolo é rico
em incidentes. Muitas cousas se deram que não se encontram em Atos.
RAZÕES DA OPERAÇÃO DE DEUS EM ÉFESO
Esses milagres especiais foram concedidos com os seguintes propósitos:
(1) Derrotar Satanás. Na região de Éfeso havia uma fortaleza do poder do diabo;
(2) Desmascarar embusteiros. Haviam mágicos que se diziam possuidores de
poderes sobrenaturais para operar maravilhas e milagres entre o povo; (3)
Propagar o Evangelho. Paulo era desconhecido naquela cidade de modo que, se não
houvesse uma operação sobrenatural do poder de Deus confirmando suas
declarações, ele seria facilmente confundido com os inúmeros mestres de
religião, filósofos ou importadores de seitas que perambulavam pelas ruas de
Éfeso; (4) Libertar os prisioneiros de Satanás. Este tipo de ministério
possibilitou a Paulo exercer seu ministério de cura entre as pessoas que não
podiam estar presentes nas reuniões, e entre aqueles que estavam em cidades
distantes. O resultado da grande operaçào divina através de Paulo em Éfeso, foi
que muitos daqueles que tinham estreitos laços com a magia, se converteram a
Cristo de forma tão completa, que duma só vez queimaram livros, relacionados ao
antigo modo de vida e de um grande valor
monetário (EETAD, O Livro de Atos, pág. 115).
De Éfeso através da Macedônia,
Paulo chegou a Corinto, na Grécia (At. 20:1-3), no inverno do ano 57-58. Durante
a sua estada, completou o serviço de organização e regulou a disciplina da
igreja. Sua visita a Corinto foi memorável
pois foi a ocasião em que escreveu a epístola aos romanos, em que expôs
com toda clareza a doutrina referente à salvação da alma. Agora inicia a sua última viagem a Jerusalém,
acompanhado de amigos, representantes das várias igrejas dos gentios (20:4). O
trabalho de Paulo entre gentios sofreu grande oposição da parte dos judeus e
até mesmo de cristãos vindos do judaísmo que tentavam desprestigiá-lo. Resultou
daí o plano de provar a lealdade das igrejas dos gentios, induzindoas a enviar
ofertas liberais aos pobres da Judéia. Foi para este fim que ele e seus amigos
saíram de Corinto com destino a Jerusalém. O seu primitivo plano era de navegar
diretamente para a Síria, mas uma conspiração dos judeus, o obrigou a voltar
pela Macedônia. Demorou-se em Filipos enquanto que seus companheiros caminhavam
para Trôade. Depois da festa da Páscoa ele e Lucas foram para Trôade, onde os
companheiros o esperavam e onde se demoraram por sete dias. Havia lá uma
igreja. Lucas dá-nos interessante notícia do que se passou nas vésperas da
partida do apóstolo. Paulo estava pregando um longo sermão quando por volta da
meia-noite deu-se o fatal incidente com um jovem chamado Êutico (20:7-12).
De Trôade caminhou Paulo para Assôs
que ficava distante cerca de vinte milhas, para onde haviam embarcado seus
companheiros. Deste porto, navegaram para Mitilene que ficava na costa oriental
da ilha de Lesbos, e costeando pela banda do sul, passaram entre a terra firme
e a ilha de Quios; no dia seguinte aportaram em Samos e no outro, chegaram a
Mileto. Esta cidade estava a 36 milhas de Éfeso, e, como Paulo tivesse pressa,
resolveu não ir lá, e, por isso, mandou chamar os presbíteros da igreja. Em
Mileto fez as suas despedidas de modo muito emocionante (20: 17-38). Não
havia palavras capazes de exprimir mais
vivamente a dedicação pela sua obra e o amor que votava a seus irmãos convertidos.
“E, agora, eis que eu, constrangido no meu espírito, vou a Jerusalém,
não sabendo o que ali acontecerá” (20:22). Sob a unção do Espírito Santo, Paulo prosseguia de vitória em
vitória. Ele sabia o que lhe aguardava, por isso disse: “o Espírito Santo me testifica, de cidade em cidade, dizendo que me
esperam prisões e tribulações” (20:23). “Havendo
dito isto, pôs-se de joelhos, e orou com todos eles. E levantou-se um grande
pranto entre todos, e lançando-se ao pescoço de Paulo, beijavam-no.
Entristecendo-se principalmente pela palavra que dissera, que não veriam mais o
seu rosto. E eles o acompanharam até o navio” (At. 20:36-38).
Partindo de Mileto, o navio seguiu
diretamente a Cós (At. 21:1); no dia seguinte chegaram a Rodes; de Rodes
passaram a Pátara, nas costas da Lícia. Achando um navio que ia para Fenícia,
entraram nele, e partiram. Depois de estarem à vista de Chipre deixando-a à
esquerda, chegaram a Tiro, onde demoraram sete dias. Inspirados pelo Espírito Santo, os discípulos
instavam com Paulo para não ir a Jerusalém. Depois de uma afetuosa despedida
partiram para Ptolemaida, que hoje se chama Acre e no dia seguinte chegaram a
Cesaréia. Encontram Filipe, o evangelista, novamente e Paulo hospeda-se em sua
casa (21:8). Aqui também o profeta Ágabo, tomando a cinta de Paulo, atando-se os
seus próprios pés e mãos, disse: “Assim
os judeus ligarão em Jerusalém o homem a quem pertence esta cinta, e o
entregarão nas mãos dos gentios” (21:11b). A despeito destas alarmantes
predições e das lágrimas dos irmãos, ele seguiu viagem, acompanhado de alguns
de seus discípulos.
Com sua chegada a Jerusalém (21:17), finda-se a terceira viagem
missionária do apóstolo Paulo. Em breve se cumpririam as palavras de Ágabo. Em
Jerusalém Paulo foi cordialmente recebido pelos cristãos. Por outro lado, ele
foi informado de que os crentes judeus continuavam fiéis à Lei, ainda que não
obrigassem os gentios a acompanhá-los. No dia seguinte à sua chegada, foi à
casa de Tiago, irmão do Senhor, onde se haviam congregado os anciãos, aos quais
contou todas as cousas, que Deus tinha feito entre os gentios por seu
ministério. Ouvindo isto, engrandeceram a Deus. Ao mesmo tempo disseram-lhes
irmãos que muitos dos judeus que estavam entre os gentios, haviam dado más
notícias a seu respeito, que punham em
dúvida a sua fidelidade às Leis de Moisés. Era necessário, pois, que ele desse
provas visíveis que o justificassem. Aconselharam-no a que tomasse consigo a
quatro varões que tinham voto sobre si, que os levasse ao templo, que se
santificasse com eles e fizesse o pagamento das despesas que envolviam a
cerimônia. A isto Paulo acedeu de bom grado porque era seu desejo agradar os
judeus (At. 21:23-26).
Mas tudo isso não surtiu efeito. Certos
judeus da Ásia o viram no templo e o acusaram de haver introduzido gentios no
templo, então lançaram mão de Paulo e tumultuaram o ambiente. O povo arrastou
Paulo para fora do templo e o teriam assassinado, se o tribuno Cláudio Lísias
não tivesse corrido para o lugar do conflito, arrebatando Paulo das mãos do
povo, levou-o para a prisão. Paulo, com permissão do tribuno, pondo-se em pé
sobre os degraus da fortaleza, fez sinal ao povo com a mão, para falar (22:
1:21). Concedida a oportunidade, Paulo contou que era judeu de Tarso, o que ele
fez na língua hebraica. Ele fez um resumo da sua vida, do seu nascimento,
formação, religião, conversão, até ao ponto em que falou que foi comissionado a
evangelizar os gentios, quando de novo o povo rompeu em gritos para que o
matassem.
Neste ponto tribuno o mandou
recolher à prisão, e que o açoitassem e lhe dessem tormento. Tendo-o atado com
muitas correias, disse Paulo a um centurião:
“É-vos lícito açoitar um cidadão romano, sem ser ele condenado?” (22:25).
Sabendo disto, Lísias, o mandou desatar, ordenando que o conselho dos sacerdotes tomasse conhecimento do caso. O
comparecimento de Paulo perante o conselho provocou novo tumulto (23:1-10). O
apóstolo estava agora defendendo a vida, não podia esperar justiça. Se fosse
condenado, o tribuno Lísias entregá-lo-ia para ser executado. Co muita
habilidade dividiu a opinião de seus inimigos; dizendo que professava ser
fariseu, e queriam condená-lo por pregar a ressurreição dos mortos. O ódio
entre fariseus e saduceus era mais forte do que os dois juntos contra Paulo. As
duas seitas tomaram oposições opostas. O tribuno, receando que Paulo fosse
trucidado entre as duas facções, mandou que os soldados o arrebatassem das mãos
da multidão e o metessem na prisão.
AS ACUSAÇÕES CONTRA PAULO
As queixas contra Paulo eram de natureza política e religiosa: Paulo
era, segundo o conceito dos judeus, “uma peste”, criador de dissensões entre os
próprios judeus de todo o mundo e o cabeça da seita dos nazarenos (24:5).
Também foi acusado de profanar o templo, por ter introduzido gentios nele. A
acusação de ser um tumultuador e sedicioso era a mais grave que se podia
apresentar a um tribunal romano, e a esperança de ver Paulo condenado os levou
a frisar mais o aspecto político do que o religioso. Quando usaram a palavra
“seita” no versículo 5, foi para descrever Paulo como uma pessoa de má fama, já
que esse termo no grego significa originalmente “partido”, por isso ele foi
empregado. Ao Cristianismo ainda não se havia concedido direitos de religião
lícita dentro do Império Romano, e por isso o judaísmo podia julgá-lo como
seita, infiel e ilegal (EETAD, O Livro de Atos, pág. 131).
Naquela noite, o Senhor apareceu a
Paulo em visão dizendo-lhe: “Tem bom
ânimo: porque, como deste testemunho de mim em Jerusalém, assim importa que o
dês também em Roma” (23:11). O tribuno ficou sabendo que havia uma
conspiração para exterminar com Paulo, então mandou que o levassem para
Cesaréia, com uma carta ao procurador romano da Judéia, Félix, para que ele
resolvesse o caso (23:12-33). Quando Félix soube que o acusado era da Cilícia, determinou que se esperasse a
vinda dos acusadores. Entretanto, conservou-o em segurança no palácio de
Herodes, que servia de pretório, ou residência do procurador.
Cinco dias depois, uma delegação do
Sinédrio de Jerusalém, tendo o sumo sacerdote Ananias à frente, chegou em
Cesaréia (24:1-9). Foi junto com a delegação, Tértulo, uma espécie de
advogado,. Foi apresentar acusação contra Paulo. Começou com um discurso num
estilo pomposo, mas foi se degenerando até não dar em nada.
A isto, Paulo respondeu com formal negação,
apelando o para o testemunho de seus acusadores (24:10-21). Paulo
respondeu a cada uma das três acusaçòes,
a saber: a de ser um agitador, a de ser líder de uma seita, e a de haver
tentado profanar o templo. Negou ter perturbado a paz em Jerusalém, pois ali
foi para adorar e trazer ao seu povo esmolas e ofertas. O Sinédrio viu-se
impossibilitado de acusá-lo de qualquer coisa, a não ser do ponto de vista
teológico sobre a ressurreição.
Félix estava perfeitamente
informado, e sabia que Paulo não havia cometido nenhum crime que merecesse a
morte. Despediu os acusadores adiando o julgamento para quando chegasse o
tribuno Lísias. E mandou a um centurião que o tivesse em custódia sem tanto
aperto e sem proibir que os seus o servissem. Passados alguns dias, vindo Félix
com sua mulher Drusila, que era judia, mandou chamar a Paulo e esteve ouvindo
falar da fé que há em Jesus Cristo (24:24). O apóstolo parece ter exercido
estranha fascinação sobre o procurador que tremeu em sua presença, prometendo
ouvi-lo de novo quando tivesse tempo. Ele também esperava que Paulo lhe desse
algum dinheiro em troca de sua liberdade (24:25,26). O apóstolo não quis
subornar o procurador, que adiou o julgamento. Dois anos depois, veio Pórcio
Festo substituí-lo no governo, e Paulo ainda estava na prisão. Os judeus
esperavam que o governador lhes fosse mais favorável do que tinha sido Félix..
Festo vai até a Jerusalém a fim de encontra-se com o sumo sacerdote e o
Sinédrio, para saber das acusações que haviam contra Paulo (25:1-6). Festo
recusa-se a enviar Paulo a Jerusalém para ser julgado, e convida-os para
descerem a Cesaréia para apresentar as queixas contra ele. Assim fizeram depois
de alguns dias. Ainda desta vez nada puderam provar. Paulo continuava
confirmando a sua inocência. Festo, querendo agradar aos judeus, perguntou a
Paulo se queria ser julgado em Jerusalém,. Sabendo que a sua vida corria
perigo, serviuse de seus privilégios de cidadão romano e apelou para César
(25:9-11). Por este modo o julgamento
escapou das mãos do procurador, e o prisioneiro tinha de ser remetido a
Roma.
Antes da saída de Paulo, Agripa II
e sua irmã Berenice vieram visitar Festo. O novo procurador que não era muito
versado em controvérsias judaicas, e como tinha de enviar ao imperador um
relatório de informações sobre o caso, contou a Agripa sobre Paulo. Por sua
vez, o rei mostrou desejos de saber o que o prisioneiro dizia em sua defesa.
Agripa era versado em casos de doutrina e poderia servir para instruir o
relatório que o procurador tinha de mandar para Roma (25:13-27).
A defesa de Paulo perante o rei
Agripa, é um dos seus mais notáveis discursos. Nele revela as qualidades de
homem de elevada educação, a eloqüência de orador e firmeza de cristão. Fala
sobre o seu passado afim de provar que em todos os seus atos procurou sempre
servir a Deus, e que a sua carreira como cristão, não só obedecia a direção
divina, como ao cumprimento das profecias (26: 1-23). Quando Festo o
interrompeu, exclamando: “Tu está louco,
Paulo! As muitas letras de fazem delirar!” (26:24). Paulo vira-se para o rei e diz: “Crês tu nos profetas, ó rei Agripa? Bem sei
que crês”. (26:27). O rei estava disposto a ser simples observador e
crítico do que ele julgava ser um novo fanatismo, e respondeu com uma frase de
desprezo: “Por um pouco me persuades a me fazer cristão!” (26:28). Contudo
estava convencido que Paulo não tinha crime e que poderia ser posto em
liberdade se não tivesse apelado para César (26: 31,32).
No outono do
ano 60, Paulo foi enviado para Roma, confiado juntamente com outros presos ao
cuidado de um centurião chamado Júlio, da corte Augusta. Lucas foi seu
companheiro juntamente com Aristarco de Tessalônica (27: 1,2). Lucas é quem dá
o relatório desta viagem com minúcias muito particulares e de admirável
exatidão. O apóstolo foi tratado com muita cortesia pelo centurião. Embarcando
em um navio de Adrumete, chegaram a Sidom, donde partiram para Mirra na Lícia.
E achando ali o centurião um navio de Alexandria que fazia viagem para a
Itália, embarcaram nele.
Os ventos não eram favoráveis, e
por isso foram obrigados a navegar lentamente e apenas puderam avistar a Cnido
na costa da Cária. Tomando o rumo sul, foram costeando a ilha de Creta, junto a
Salmona; navegando com dificuldade ao longo da costa, abordaram em Bons Portos,
para um breve descanso (27:3-8).
O tempo apresentava-se ameaçador, então Paulo
mostra a inconveniência de se continuar a viagem. Paulo, por uma revelação
especial de Deus disse ao comandante e a tripulação: “Senhores, vejo que a viagem vai ser com avaria e muita perda não só
para a carga e o navio, mas também para as nossas vidas” (27:10). Mas o
centurião deu mais crédito ao mestre e ao piloto do navio que eram de parecer
contrário e desejavam chegar a Fênix e invernar ali no porto de Creta, onde
havia bom ancoradas; e, como Paulo havia dito, nenhum deles pereceu
(27:41-44).
O CUIDADO DE DEUS
Segundo a lei romana, se os presos escapassem os soldados que estavam de
guarda desses presos, deveriam ser mortos; por isso, neste texto (27: 42)os
soldados cheios de temor, alarmados ante a iminência de uma fuga, pretenderam
matar todos os presos. No entanto o centurião Júlio, que tratava Paulo com
certa consideração, não concordou com essa idéia. Assim, ninguém foi morto. Por
causa de Paulo, os soldados foram impedidos de executarem seu intento. Todos
chegaram em terra firme, a promessa do Senhor, de que ninguém morreria, acabava
de se cumprir. (EETAD, O livro de Atos, pág. 148, 149).
ENFERMOS SÃO CURADOS EM
MALTA (AT. 7-9)
Paulo sempre aproveitava as oportunidades para desempenhar seu
ministério. Durante os três meses que ali permaneceu, Paulo procurou atender às
necessidades do povo nativo. Lucas diz que ele foi recebido na propriedade de
Públio, o principal homem da ilha. Seu pai estava gravemente enfermo. E Paulo
orou e o homem ficou curado, bem como todos os doentes da ilha que por ele
procuraram. Paulo não deixava passar a oportunidade de proclamar o Evangelho. (EETAD, O Livro de Atos, pág. 151).
Nesta emocionante aventura, que Lucas descreve
com tanta minúcia, o proceder de Paulo ilustra muito bem a coragem de um
cristão e a influência que um homem de fé pode exercer sobre os outros
indivíduos, em tempos de perigo. A terra a que haviam chegado era a ilha de
Melita que hoje se chama Malta situada ao sul da Sicília, cujos habitantes
receberam os náufragos com muita cordialidade. Por causa da chuva e do frio os
nativos da ilha, acenderam uma grande fogueira e havendo Paulo ajuntado uma grande quantidade de vides e
pondo-as no fogo, uma víbora, fugindo do calor lhe acometeu a mão (28:3).Quando
viram a víbora dependurada na mão de Paulo, acharam que “a justiça divina” não
lhe permitiria escapar da morte. Entretanto, ao verem-no lançar a víbora ao
fogo, sem que qualquer mal lhe atingisse, passaram os nativos a uma outra
conclusão, que Paulo seria um deus (28:6).
O procedimento maravilhoso de Paulo
ganhou para ele muita honra e simpatia
(28:10). Três meses depois, embarcaram em um navio de Alexandria que tinha
invernado na ilha, no qual chegaram a Siracusa, onde ficaram três dias. De lá,
correndo a costa, foram a Régio, e dois dias mais, aportaram em Potéoli, a
sudoeste da Itália. Ali, Paulo encontrou
irmãos em cuja companhia se demorou sete dias (28:11-14). Entretanto a notícia
chegou a Roma. Os irmãos vieram encontrá-lo à Praça de Ápio e às Três Vendas,
nomes de dois lugares distantes de Roma.
O centurião entregou os
prisioneiros ao capitão da guarda, que era o prefeito da guarda pretoriana.
Paulo ficou sob a guarda de um soldado com licença de habitar onde quisesse
(28:16). As apelações para César eram atendidas com muita morosidade. Paulo
tinha o desejo de pregar em Roma, e era da vontade de Deus que ele assim o
fizesse. Embora Paulo fosse fiel, Deus não o proveu de um caminho fácil e livre
de problemas. Passados três dias, Paulo convocou os principais dos judeus para
informá-los dos motivos de sua prisão, designou um dia para dar testemunho do
Reino de Deus, tentando convencê-los a respeito de Jesus, pela lei de Moisés e
pelos profetas, desde a manhã até a tarde. Como não o quisesse crer, declarou
mais uma vez que aos gentios era enviada esta salvação. A prisão não o impedia
de exercer a sua atividade missionária (28:17-31). As epístolas que ele escreveu
neste período, iluminam mais de perto esta fase de sua história: são as
epístolas aos Colossenses, a Filemon, aos Efésios e aos Filipenses. O livro de
Atos termina deixando Paulo na prisão em Roma.
Mas a história nos conta que, em 63
d.C., aproximadamente, Paulo foi absolvido e solto. Durante uns poucos anos
continuou seus trabalhos missionários, e talvez tenha ido até à Espanha,
conforme planejara. Durante esse período, escreveu Primeiro Timóteo e Tito. Foi preso de novo
cerca de 67 d. C., e levado de volta a Roma. Segundo Timóteo foi escrito
durante esse segundo encarceramento em Roma. A prisão de Paulo só terminou ao
ser ele decapitado, sofrendo o martírio sob as ordens do imperador romano Nero.
BIBLIOGRAFIA:
Bíblia de Estudo Pentecostal
Dicionário da Bíblia. John D.
Davis.
O Livro de Atos. EETAD.
Estudo Panorâmico da Bíblia.
Henritta C. Mears .
Apostila: O livro de Atos - Comunidade
Cristã Jesus Para o Mundo.
Artigo transcrito de
bibliografias citadas acima pelo Ap. João Campos.