Angelologia
O presente estudo provê uma noção geral do ensino bíblico a respeito dos
anjos. O termo teológico apropriado para o estudo que ora iniciamos é
Angelologia (do grego angelos, “anjo”, e logia, “estudo”, “dissertação”). Angelologia se constitui,
portanto, de doutrina específica dentro
do contexto daquilo que é denominado de Teologia Sistemática, a qual se ocupa
em estudar a existência, as características, a natureza moral e atividades dos
anjos.
A palavra portuguesa anjo possui origem no latim angelus, que por sua vez deriva do grego angelos, que significa: mensageiro, o embaixador em
assuntos humanos, que fala e age no lugar daquele que o enviou. No idioma
hebraico, temos malak, onde seu
significado básico é “mensageiro” (para designar a idéia de ofício de
mensageiro).
De um modo geral, os anjos são classificados sob dois títulos: anjos
bons ou maus. Os anjos bons são aqueles comissionados a estarem servindo aos
filhos de Deus, sob Seu comando. Os anjos maus ou caídos são aqueles que
desobedeceram a Deus e foram expulsos da Sua presença.
O plano criador levado a efeito por Deus jamais poderá ser compreendido
a contento pelo homem, principalmente quando analisado à luz da criação
universal. Entre as muitas coisas criadas por Deus, para efeito de estudo,
destacamos os anjos. Eles não são eternos como Deus, nem auto
existentes, mas criados, como
criadas foram as demais coisas do universo. Expressões tais como: “Exército dos céus”, “soberanias”, “principados”,
“potestades” e “filhos de Deus” são figuradas, geralmente aplicadas na Bíblia
aos anjos.
Os anjos são parte de uma criação especial de Deus. Quanto à sua
natureza, eles são apresentados na Bíblia como seres criados, superiores ao
homem em inteligência e conhecimento, mais gloriosos e poderosos que qualquer
rei terreno em toda a sua pompa e força.
“Só tu és Senhor, tu fizeste o céu, o céu dos céus, e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os
mares e tudo quanto há neles; e tu os preservas a todos com vida, e o exército
dos céus te adora” (Neemias.
9:6).
“...pois nele foram criadas todas as cousas, nos céus e sobre a terra,
as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados,
quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele” (Colossenses. 1:16).
“Sobre que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra de
esquina, quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os
filhos de Deus rejubilavam?”
(Jó 38:6,7).
A Bíblia não dá qualquer resposta definida quanto ao tempo em que os
anjos foram criados nem se preocupa em fazê-lo. O que a Bíblia nos dá a
entender é que os anjos foram criados por Deus em um princípio remotíssimo.
Deus argumentou com Jó: “Onde
estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra? Faze-mo saber, se tens
entendimento. Quem lhe fixou as medidas, se é que o sabes? ou quem a mediu com
o cordel? Sobre que foram firmadas as suas bases, ou quem lhe assentou a pedra
de esquina, quando juntas cantavam as estrelas da manhã, e todos os filhos de Deus bradavam de júbilo?” (Jó 38:4-7). Fica claro neste texto que Deus faz referência
à criação universal. Portanto, quando tudo foi criado, já existiam os anjos, e
estes ao contemplarem as maravilhas de Sua criação, bradaram transbordantes de
júbilo.
Os anjos estão inseridos nas coisas invisíveis que foram criadas por
Deus conforme descrito em Colossenses 1:16: “Porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as
visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados,
sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele”. Logo, diferentemente de Deus, são seres
criados, não existindo desde a eternidade.
Faz-se importante ainda, quanto à criação dos anjos, sabermos que eles
foram criados de uma só vez e não há propagação entre eles. Isto os diferencia do ser humano e faz com
que eles não sejam uma raça, mas uma hoste. Os anjos então foram criados
por Deus, não havendo aumento ou diminuição de seu número.
OS ANJOS BONS
Podemos definir os anjos bons como seres celestiais que integram o
exército de Deus e realizam a Sua vontade, tendo sido estabelecidos como
ministradores em favor dos que herdarão a salvação, dotados de poder e
inteligência sobre-humana com funções e hierarquia estabelecidas.
Arthur Tappan Pierson diz
que: “Deus é o Espírito que a tudo preside e permeia. Entre Ele e o homem há
uma esfera intermediária, habitada por uma ordem de inteligências mais
elevadas, que não são como Deus, nem constituídas fisicamente como o homem.
Esses seres são chamados anjos, pois aparecem nas Escrituras como mensageiros
de Deus ao homem”.
CARACTERÍSTICAS
A)
São
numerosos. “Um rio de fogo manava e
saía de diante dele; milhares de milhares o serviam, e miríades estavam diante
dele; assentouse o tribunal, e se abriram os livros” (Dn.7:10). A palavra “miríade” no dicionário significa:
número de dez mil; grande quantidade; quantidade indeterminada, mas
grandíssima. Diversos textos bíblicos relatam que o exército de Deus é muito
numeroso (Jó. 25:3, Dt. 33:2; Ap.5:11). Em Hebreus 12:22 os anjos são indicados
como uma companhia inumerável, literalmente miríade. Lucas 2:13 diz que
multidões de anjos apareceram na noite do nascimento de Jesus, bradando de
alegria pelas novas perspectivas de esperança que desciam à terra.
B)
São seres
espirituais. “Ora, a
qual dos anjos jamais disse: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os
teus inimigos por estrado dos teus pés? Não são todos eles ESPIRITOS
ministradores enviados para serviço, a favor dos que hão de herdar a salvação?” (Hb. 1:13,14).
O ensino que se destaca no texto de Hebreus é que os anjos foram criados
essencialmente espíritos. Isso, entretanto, não nega a possibilidade de sua
materialização. Os anjos não possuem um corpo físico como o do homem. O Senhor
Jesus após sua morte e ressurreição apareceu a seus apóstolos e vemos neste
texto que se encontra em Lucas 24:36-39 que um espírito, conforme disse Jesus,
não possui carne e nem osso. Isto em nada impossibilita, no entanto, dos anjos
se materializarem em forma de seres humanos e diversas vezes na Bíblia nós
vemos isto ocorrer.
“Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, sem o
saberem, hospedaram anjos”
(Hb. 13:2).
C)
Sua sexualidade.
A questão da sexualidade
dos anjos é ainda polêmica em nosso meio. Vamos tomar dois textos bíblicos para
esclarecermos as dúvidas sobre este assunto.
“E aconteceu que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face
da terra, e lhes nasceram filhas, viram os filhos de Deus que as filhas dos
homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.” ( Gn.6:1,2) A Bíblia de Estudo Pentecostal nos
traz a clara informação sobre este texto: “Esses ‘filhos de Deus’, sem dúvida,
eram os descendentes da linhagem piedosa de Sete (cf. Dt.14:1; Sl. 73:15; Os.
1:10); eles deram início aos casamentos mistos com as “filhas dos homens” ,
i.e., mulheres da família ímpia de Caim. A teoria de que os “filhos de Deus”
eram ANJOS, não subsiste ante as palavras de Jesus, de que os anjos não se
casam.”
Várias vezes na Bíblia os anjos aparecem e são descritos como na forma
de homem e por este motivo muitas pessoas acabam vinculando esses seres
celestiais à forma humana e passam a associá-los a diversas características e
limitações do ser humano. Questionam quanto a sexualidade dos anjos e dizem que
os anjos são do sexo masculino. Não há lógica e nem fundamento para esta
afirmativa. Primeiro, porque o texto de Gênesis 6:1,2, que é usado como base
desta teoria não tem sustento como visto acima; segundo, tomando por base o
texto de Mateus 22:30 : “Porque na ressurreição nem se casam nem se dão em
casamento; são, porém, COMO OS ANJOS NO CÉU”. Dizer que os anjos têm sexo apesar de não se
casarem, é, no mínimo, um absurdo; e, terceiro, porque o sexo, tem como
finalidade a procriação e o prazer; se os anjos não procriam e têm todo o seu
prazer no serviço a Deus, a quem servem, por que, então, careceriam de sexo?
Diante do exposto, nos resta concluir que os anjos são seres assexuados, isto é
seres espirituais que não possuem sexo.
D)
Dotados de Poder.
d.1)
Poder
sobre-humano. “Bendizei
ao Senhor todos os seus anjos, VALOROSOS EM PODER, ...” (Sl.103:20) Diversos textos bíblicos demonstram
um poder sobre-humano dos anjos, entretanto devemos esclarecer que eles não são
onipotentes e nem oniscientes como Deus, seu criador. Vemos na Bíblia anjos
fazendo tremer a terra e removendo a pedra que fechava o sepulcro de Cristo
(Mt. 28:2); libertando Pedro da prisão, fazendo cair de suas mãos as algemas e
abrindo as portas de ferro (At. 12:7-11); etc. São esses anjos, com essas
capacidades, que Deus criou e pôs ao nosso serviço.
d.2)
Poder
delegado. “(...) Que EXECUTAIS AS SUAS
ORDENS, e lhe obedeceis à palavra!” (Sl. 103:20) Este Salmo deixa
claro o poder dos anjos como sendo valoroso, mas sujeito às ordens do Senhor.
Logo, o poder dos anjos é sobre-humano, porém, delegado. Lewis Sperry Chafer
diz que “os anjos são incapazes de fazer aquelas coisas peculiares à divindade
como criar, ou sondar o coração humano”. O
poder delegado por Deus aos anjos não é pleno, é limitado.
E)
Dotados de
inteligência diferenciada. “(...)
Sábio é o meu senhor, segundo a SABEDORIA DE UM ANJO de Deus, para entender
tudo o que se passa na terra”
(II Sm.14:20). Os anjos são sábios e dotados de inteligência superior à
sabedoria e inteligência humana, somente. Esta sabedoria também não é plena,
mas apenas superior à dos homens. Existem
coisas que nem os anjos com toda sua sabedoria discernem. “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem
os anjos dos céus...” (Mt. 24:36),
“...cousas essas que anjos anelam perscrutar” (I
Pe. 1:12).
Verificamos então que existe uma classe de seres celestiais, os anjos,
que ocupam uma posição bastante distinta tanto de Deus como do homem. Deus está
acima de tudo e de todos, inclusive dos anjos. Entretanto eles, bem abaixo de
Deus, estão num estado superior ao do homem.
ATIVIDADES DOS ANJOS
No Antigo Testamento, onde o termo malak ocorre 108 vezes, os anjos aparecem como seres celestiais, membros da
corte de Yahweh. Eles servem
e louvam a Deus (Ne 9:6); transmitem a Sua vontade (Dn 8:16,17); obedecem à Sua
vontade (Sl 103:20); executam os propósitos de Deus (Nm 22:22); e celebram
louvores a Deus (Sl 148:2).
“Bendizei ao Senhor, anjos seus, magníficos em poder, que cumpris as
suas ordens, obedecendo à voz da sua palavra” (Sl.103:20).
No Novo Testamento, onde a palavra angelos ocorre 175 vezes, os anjos aparecem como representativos do mundo
celestial e mensageiros de Deus. Funções semelhantes às do Antigo Testamento
são atribuídas a eles, tais como: servem e louvam a Jesus (Hb 1:6), transmitem
a Sua vontade (Mt 2:13,20; At 8:26), obedecem à vontade d’Ele (Mt 6:10) e
executam os Seus propósitos (Mt 13:39-42). Nessa parte da Bíblia, os anjos
estão vinculados a eventos especiais: a concepção de Jesus (Mt 1:20,21), Seu
nascimento (Lc 2:10-12), Sua
ressurreição (Mt 28:5,7) e Sua ascensão e Segunda Vinda (At 1:10,11).
Hierarquia e funções dos anjos
E havendo lançado fora o homem, pôs ao oriente do jardim do Éden os querubins...
” (Gn. 3:24). “Ao seu redor havia serafins; cada um tinha seis asas; com duas cobria o rosto, e com duas
cobria os pés e com duas voava” (Is.
6:2).
Através dos textos acima podemos verificar que existem diferentes
posições ou cargos de autoridade entre os anjos. O que cada uma dessas
designações indica exatamente não fica muito claro na Bíblia. Mas o ponto mais
importante é que Jesus está acima de todas elas; como Ele não tem igual, nem
superior.
John Eadie em seu comentário à Epístola aos Efésios, ao abordar o
assunto da organização celestial diz o seguinte: “Tudo o que sabemos é da
existência de um fundamento para a idéia principal: que não há uma uniformidade monótona e aborrecida entre os
habitantes do céu; que ordem e liberdade não são inconsistentes com a graduação
ou o cargo; que existe glória e glória maior, poder e poder mais nobre, posto e
posto mais alto, a serem testemunhados na escala poderosa. Assim como existem
órbitas e radiância ofuscante em meio às estrelas mais pálidas e humildes no
céu, há capitães esplêndidos e majestosos entre os exércitos de Deus, em
posição mais próxima de Deus, e, como Deus em majestade, possuindo e refletindo
mais do esplendor divino do que seus irmãos resplandecentes à sua volta.”
Com base em textos bíblicos verificaremos que Deus possui um exército de anjos e que este exército possui
uma organização hierárquica e funções distintas. A primeira questão que devemos
deixar clara é que, sem levarmos em consideração os livros apócrifos, a Bíblia
apenas relata o nome de dois seres celestiais que compõem o exército de Deus e
são eles MIGUEL e GABRIEL. Entre as diferentes posições se destacam na Bíblia
aqueles que são tidos simplesmente como ANJOS, depois ARCANJO, SERAFINS e
QUERUBINS.
HIERARQUIA DOS ANJOS
A) ARCANJO
“Contudo, o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo e disputava a
respeito do corpo de Moisés, não se atreveu a proferir juízo infamatório contra
ele; pelo contrário, disse: O Senhor te repreenda!” (Jd 9).
“E, naquele tempo, se levantará Miguel, o grande PRÍNCIPE, que se
levanta pelos filhos do teu povo...” (Dn.12:1).
“Mas o príncipe do reino da Pérsia se pôs defronte de mim vinte e um
dias, e eis que Miguel, um dos primeiros, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali
com os reis da Pérsia” (Dn.
10:13).
A Bíblia não fala de um arcanjo,
palavra que só se aplica a Miguel. Isto é demonstrado pelo fato de que nas duas
ocorrências da palavra grega archangelos, “arcanjo”, I Tessalonicenses 4:16 e Judas 9, o termo só aparece ligado unicamente a Miguel, donde se conclui biblicamente que Miguel tem seu
destaque entre os arcanjos. O prefixo arca, em “arcanjo”, sugere um anjo-chefe,
principal ou poderoso. No grego encontramos Michael, no hebraico mika’el. O nome
Miguel significa “quem é como El (Deus)?”, e há de se notar que nesses
textos ele é tratado como arcanjo e como príncipe, poderoso entre os arcanjos único
em poder.
Verificamos que no exército de Deus há uma classe de anjos denominada de
Príncipes e notamos ainda que estes têm como função proteger determinada
região. Vemos aqui Miguel como o Príncipe de Israel. Tudo indica que ele
pertença a uma classe de anjos chamada Príncipe, que tem como função proteger
determinada região; mas ele também é um arcanjo, posição dada a ele e que o
coloca como líder do exército de anjos de Deus. Em Apocalipse 12:7 vemos
claramente esta posição de Miguel, como Arcanjo, liderando o exército de anjos
contra o dragão (Lúcifer) e o seu exército de anjos decaídos: “E houve batalha no céu: Miguel e os seus anjos
batalhavam contra o dragão; e batalhavam o dragão e os seus anjos.”
Desta primeira análise, então, chegamos à seguinte conclusão: Primeiro,
que há uma classe de anjos chamados Príncipes, que protegem determinadas
regiões; segundo, que Miguel é um dos que compõem esta classe de príncipes;
terceiro, que Miguel foi posto como Arcanjo, isto é, além de exercer a função
de um príncipe, ele lidera os demais anjos do céu.
B) SERAFINS
“Os serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas
cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo,
Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos;
toda a terra está cheia da sua glória” (Is. 6:2,3).
“Mas um dos serafins voou para mim trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; e
com ela tocou a minha boca e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua
iniqüidade foi tirada, e purificado o
teu pecado” (Is.6:6,7).
A palavra serafins significa “seres ardentes”, “abrasadores”. O termo
hebraico é saraph. Quanto à
origem exata e a significação desse termo, não existe concordância entre os
eruditos. Provavelmente, deriva-se da raiz hebraica saraph, cujo significado é “queimar”, o que daria a idéia de que os serafins são anjos rebrilhantes, uma vez que essa raiz
também pode significar “consumir com
fogo”, mas também “rebrilhar” e “refletir”. Sua forma é apresentada por Isaías
como seres angelicais com seis asas e que estão diante do trono de Deus,
louvando-O.
Pelo pouco que temos de informação acerca da função dos serafins, o que
podemos verificar é que eles são responsáveis pelo louvor a Deus e pela
restauração da santidade, conforme o texto de Isaías 6, onde um dos serafins
voou até Isaías, trazendo na mão uma brasa viva, e ao tocar com aquela brasa
nos seus lábios a iniquidade foi tirada, e purificado o seu pecado. O pecado no
mundo espiritual produz morte e prisões, e vemos neste texto um serafim sendo
usado para trazer a restauração à santidade, destruindo o mal produzido pela iniquidade.
C) QUERUBINS
“E, expulso o homem, colocou querubins ao oriente do jardim do Éden e o
refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da árvore da
vida” (Gn 3:24).
“Os querubins estenderão as suas asas por cima, cobrindo com as suas
asas o propiciatório; as faces deles, uma defronte da outra; as faces dos
querubins estarão voltadas para o propiciatório. E porás o propiciatório em
cima da arca...E ali virei a ti e falarei contigo de cima do propiciatório...” (Ex. 25:20-22).
“(...)E sobre a arca, os QUERUBINS DA GLÓRIA, que faziam sombra no
propiciatório...” (Heb. 9:5).
No hebraico, temos keruhbim, plural de kerub. No grego cheroub. Palavra de etimologia incerta. A palavra
hebraica kerubim indica
figuras divinamente formadas para servirem como guardiães especiais das coisas
sagradas. Sempre que a palavra de Deus menciona a atuação de um querubim, está
relacionado com a guarda, proteção da glória de Deus, cuidando como um
despenseiro. Aonde estava um querubim, estava a gloria e Deus.
A primeira menção que a Bíblia faz de um querubim foi quando o Senhor o
colocou no jardim do Éden para guardar o caminho da Árvore da Vida. Mas não há
nada que demonstre melhor esta função dos querubins como o fato da sua presença
no propiciatório.
O propiciatório era a tampa da arca. Nela, o sumo sacerdote aspergia o
sangue derramado do sacrifício, a fim de fazer expiação pelos pecados. Dois
querubins de ouro ficavam em ambas as extremidades do propiciatório e
simbolizavam seres celestiais que assistem junto ao trono de Deus no céu e
simbolizavam a presença de Deus e a sua soberania entre o seu povo na terra.
Era sobre o propiciatório que estava a glória de Deus.
No livro de Ezequiel temos uma profunda revelação da atuação dos
querubins e sua presença na retirada da Glória de Deus do templo. A glória de
Deus retirou-se do templo por causa do pecado e idolatria do povo. Ainda, no
livro do profeta Ezequiel, capítulo 10, vemos a função dos querubins como
despenseiros da glória de Deus: “E falou
ao homem vestido de linho, dizendo: Vai por entre as rodas, até debaixo do
querubim, e enche as mãos de brasas acesas dentre os querubins, e espalha-as
sobre a cidade (...). E sucedeu, pois, dando ele ordem ao homem vestido de
linho, dizendo: Toma fogo dentre as rodas, dentre os querubins, que entrou ele
e se pôs junto às rodas. Então, estendeu um querubim a mão para o fogo que
estava entre os querubins; e tirou e o pôs nas mãos do que estava vestido de
linho, o qual o tomou e saiu”
(vers. 2,6,7).
Neste texto Deus deu ordem a um anjo (homem vestido de linho) para que
este fosse até os querubins e enchesse suas mãos de brasas acesas e as
espalhasse sobre a cidade. As brasas acesas, espalhadas sobre a cidade,
simbolizavam julgamento e destruição. Pouco
depois dessa visão, os babilônios destruíram Jerusalém (II Cr. 36:19; II Rs.
25:8,9).
Vemos nesse texto uma divisão de função interessante. Após uma ordem de Deus, um anjo, representado aqui
pela figura de um homem vestido de linho, vai até os querubins e um destes é
que retira do interior de uma roda que
estava junto deles uma brasa acessa e entrega na mão do anjo vestido de linho e
com aparência de um homem. Quem espalhou as brasas acesas sobre a cidade não
foram os querubins e sim este anjo vestido de linho. Demonstrando
a divisão de funções em atividade.
D)
ANJOS
Nas escrituras sagradas temos diversas aparições de anjos, seres
celestiais cumprindo o propósito de Deus junto aos homens. Os anjos são
espíritos ministradores que servem àqueles que hão de herdar a salvação (Hb.
1:14).
“(...) E eis era posta na terra uma escada cujo topo tocava nos céus; e
eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela” (Gn.28:12).
D.1)
Anjos Mensageiros
Nesta classe temos claro uma função que é a de mensageiros de Deus, isto
é, anjos com a função de trazer ao homem a palavra revelada de Deus, a vontade
de Deus ao homem. Vemos aqui o anjo como um porta-voz celestial.
“E, respondendo o anjo, disse-lhe: Eu sou Gabriel, que assisto diante de
Deus, e fui enviado a falar-te e dar-te estas alegres novas” (Lc.1:19).
Dentre eles nós temos o anjo Gabriel. Gabriel significa “homem de Deus”
ou “poderoso de Deus”. Ele é mencionado quatro vezes na Bíblia e sempre como
portador de grandes notícias relativas ao propósito de Deus. Foi o anjo Gabriel
que proclamou a Maria o nascimento do Senhor Jesus Cristo. O anjo Gabriel ainda
aparece trazendo a revelação a Daniel de uma visão que este tivera. “(...) Estando eu, digo, ainda falando na oração, o
varão Gabriel, que eu tinha visto na minha visão ao princípio, veio voando
rapidamente e tocou-me à hora do sacrifício da tarde. E me instruiu, e falou
comigo, e disse: Daniel, agora, saí para fazer-te entender o sentido. No
princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to declarar...” (Dn. 9:21-23). O anjo Gabriel, em nenhum
momento na Bíblia, é tratado como arcanjo, embora frequentemente as pessoas o
dão este tratamento. Gabriel não é um arcanjo, e sim um anjo mensageiro.
D.2)
Anjos Guardiões
“Porque aos teus anjos dará ordens a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos. Eles
te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra” (Sl.91:11,12).
“O meu Deus enviou o seu anjo e fechou a boca dos leões, para que não me
fizessem dano...” (Dn.6:22).
O que a Bíblia nos diz é que existem anjos que têm como função trazer
proteção aos filhos de Deus. No Salmo 91 vemos que Deus dá ordens aos seus anjos
para nos guardar em nosso caminho, a fim de que não venhamos a tropeçar. Em
outro texto, Deus envia um anjo para proteger Daniel, quando este foi lançado
na cova dos leões.
Devemos entender o mundo espiritual, sim; devemos trazê-lo à realidade
do nosso dia-a-dia, sim; mas tudo isso deve ser vivido dentro dos parâmetros da
palavra de Deus para que não venhamos a nos envolver com falsas doutrinas, que
nos levam a pecar contra o nosso Deus. Você pode estar certo de que existem
anjos de Deus com função específica de guardar nossos caminhos. Você não está
só no mundo espiritual, na hora da necessidade; mediante a ordem de Deus, eles
agirão e trarão o livramento de Deus para sua vida.
FUNÇÕES
Deus tem usado os seus anjos em diferentes ocasiões da história do Seu
povo, tanto nos dias bíblicos, como hoje. Daremos a seguir um resumo das
múltiplas funções exercidas pelos anjos.
1.
Em relação a Deus:
a.
Prestar
adoração e louvor. Este é o principal e o mais importante ministério dos anjos
(Ap. 5:11,12; Hb. 1:6); Is. 6:3); Sl. 103:20,21);
b.
Levar a
lei de Deus a seu povo (At. 7:53; Gl. 3:19; Hb. 2:2);
c.
Executar
os juízos de Deus sobre os inimigos (At. 12:23; 12:22; II Rs. 19:35);
d.
Reunir os
eleitos de Deus na volta de Cristo (Mt. 24:30,31);
e.
Ajudar no
dia do juízo final (Mt. 13:30,39, 49, 50; II Ts. 1:7,8);
2.
Com relação a Jesus, algumas referências
distintas são atribuídas às ministrações dos anjos:
a.
Maria foi
informada que seria mãe de Jesus por um anjo (Lc. 1:26-38);
b.
Um anjo
apareceu a José (Mt. 1:20);
c.
Anjos
apareceram aos pastores (Lc. 2:8-15);
d.
Um anjo
fala para José fugir para o Egito com Maria e a criança (Mt. 2:13);
e.
José
recebe instruções de um anjo para voltar à sua terra (Mt. 2:19,20);
f.
Anjos
ministraram a Jesus após a tentação no deserto (Mt. 4:11);
g.
Um anjo
fortaleceu Jesus no Getsêmani (Lc. 22:43);
h.
Um anjo
removeu a pedra do sepulcro (Mt. 28:2-7);
i.
Anjos
acompanharão Jesus quando Ele voltar (Mt. 16:27; 25:31).
3.
Com relação aos crentes:
a.
Proteção do perigo (Sl.
91:11,12);
b.
Livramento
dos inimigos (Sl. 34:7; Dn. 6:22; At. 12:11);
c.
Encorajamento
nas provações extremas (Com Elias: I Rs. 19:5; com Jacó: Gn 28:12,13; com
Paulo: At. 27:22-24);
d.
Concessão
de sabedoria e orientação (Mt. 1;20; At. 8:26; At. 10:3-5);
e.
Acompanhamento
da alma na morte (Lc. 16:22);
f.
Alegria na
salvação, quando do arrependimento de um pecador (Lc. 15:10).
TEOFANIA
Não podemos encerrar este capítulo sem falarmos de TEOFANIA. Mas por que
se faz tão importante estudarmos sobre este assunto? Por uma simples dúvida: Os
anjos devem ser adorados? Não! Entretanto, alguns textos fazem menção da
aparição do anjo do Senhor, e algumas vezes este é reverenciado e permite tal
ato. Isto poderia fazer com que admitíssemos a adoração a anjos.
“Em ponto algum somos instruídos a orar para anjos e pedir-lhes ajuda.
Suas ministrações a nosso favor são dirigidas pelo próprio Senhor. Desse modo,
se quisermos experimentar os benefícios e bênçãos desses ‘espíritos
ministradores’, devemos ficar próximos do Senhor.” (Fundamentos da Teologia
Pentecostal, vol. II)
Teofania é uma palavra de origem grega que quer dizer “Deus se
manifesta”. Chama-se, portanto, Teofania, os
sucessivos casos em que a Segunda Pessoa da Trindade, isto é, Cristo pré-encarnado,
aparece em forma humana, como um anjo. Essa manifestação normalmente vem acompanhada da expressão “anjo do
Senhor” ou sua variante “anjo de Deus”.
A primeira aparição bíblica do anjo do Senhor se deu quando Hagar fugia
da casa de Abraão. O Comentário Bíblico Moody, por Charles F. Pfeiffer e
Everett F. Harrison, diz: “Na quietude do deserto, Hagar defrontou-se com o
anjo do Senhor, que veio orientá-la, dando-lhe esperança e paz de espírito...
Este anjo não era um ser criado, mas o próprio Jeová, manifestando-se a
Hagar.”
O mesmo ocorreu com Abraão, quando ia sacrificar seu filho Isaque
(Gn.22:11-18); com Moisés na sarça ardente (Êx.3:2-5); com Gideão enquanto este
malhava o trigo (Jz.6:11-23); dentre outros casos.
Escolhemos dois casos distintos para melhor entendermos quando é o
Senhor como anjo e quando são os anjos a serviço de Deus:
-
Primeiro,
o texto de Josué 5:14, que diz: “(...)
Se prostrou sobre o seu rosto na terra, e o adorou, e disse-lhe: Que diz meu
Senhor ao seu servo?”. Neste
caso foi o próprio Jesus, segunda pessoa da Trindade, que se apresenta como o
ANJO DO SENHOR. Foi correta a adoração de Josué.
-
Segundo,
os textos: Apocalipse 19:10, que diz: “E eu
lancei-me aos seus pés para o adorar, mas ele disse-me: Olha, não faças tal;
sou teu conservo e de teus irmãos que tem o testemunho de Jesus; adora a Deus;
porque o testemunho de Jesus é o espírito da profecia”; e Apocalipse 22:8,9: “Eu, João, sou o que ouvi e vi estas coisas. E quando
as ouvi e vi, prostrei-me aos pés do anjo que mas mostrava, para o adorar. Mas ele
me disse: Olha, não faças tal; porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os
profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus” . Nestes textos vemos que o anjo repreende a
pessoa ao ser adorado. Eram os anjos de Deus, servindo
ao Seu propósito.
Cremos na possibilidade da aparição de anjos, mas hoje há um grande
perigo de transformar essas aparições numa nova fonte de orientação para a vida
pessoal. Somente Deus tem o poder sobre todas as coisas e somente a Ele devemos
adorar, consultar e depender.
O céu e o exército de Satanás
Como falamos no início, existem os ANJOS BONS e os MAUS. Embora seja maravilhoso
aprender sobre os grandes servos de Deus, os anjos bons, que ministram aos
filhos remidos do Senhor, é também de máxima importância reconhecer a realidade
e presença de um vasto exército de anjos maus. Neste capítulo estudaremos sobre
Lúcifer e seu exército.
A Bíblia parece sugerir que a mais exaltada posição no reino invisível
era ocupada no princípio por Lúcifer, um ser perfeito desde a sua criação.
“Tu eras o selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em
formosura. Estiveste no Éden, jardim de Deus; cobrias-te de toda pedra
preciosa: a cornalina, o topázio, o ônix, a crisólita, o berilo, o jaspe, a
safira, a granada, a esmeralda e o ouro. Em ti se faziam os teus tambores e os
teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados. Eu te coloquei com o
querubim da guarda; estiveste sobre o monte santo de Deus; andaste no meio das
pedras afogueadas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste
criado, até que em ti se achou iniqüidade” (Ez.
28:12-15).
Lúcifer é descrito como ‘o sinete da perfeição’, querubim da guarda,
ungido’, ‘estrela da manhã’, ‘filho da alva’, ‘anjo cheio de luz’, ‘principal
dentre os anjos de Deus’ etc. Ele foi criado para glorificar a Deus, entretanto,
desejou reinar sobre o céu e a criação, em lugar de Deus. O preço de sua
rebeldia foi a queda. A partir desse momento ele perdeu o seu estado de pureza
e perfeição e foi transformado em Satanás.
Ele é um ser inteligente, tem uma personalidade hostil, é inimigo
declarado de Deus e dos homens. Na
Bíblia ele é apresentado através de vários nomes: Abadom e Apoliom (Ap. 9:11);
Belzebu (Mt. 12;24); o Maligno (II Co. 6:15); o Dragão (Ap. 12:7); o Adversário
(I Pe. 5:8) etc. Ele também é um ser pessoal que:
-
sabe das coisas (Jó 2);
-
possui emoções (Is. 14:
13,14);
-
tem vontade (Is.
14:12-14);
-
exerce
habilidade executiva (Mt. 12:24, 26); -
opera milagres (II Ts. 2:9); aflige (Lc. 13:16); - cita as Escrituras (Mt. 4:6) etc.
“Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste
lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias no seu coração: Eu
subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da
congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; Subirei acima das mais
altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo. Contudo, serás precipitado para o
reino dos mortos, no mais profundo do abismo” (Is. 14:12-15).
“Viu-se, também, outro sinal no céu, e eis um dragão, grande, vermelho,
com sete cabeças, dez chifres e, nas cabeças, sete diademas. A sua cauda
arrastava a TERÇA PARTE DAS ESTRELAS DO CÉU...” ( Ap. 12:3,4).
Uma vez expulso do céu, destituído de sua posição, Lúcifer dá
prosseguimento ao seu plano de formar um reino próprio. Repare que no livro de
Apocalipse, João, ao narrar as características do dragão (Satanás), diz que
este arrastou com a sua cauda a terça parte das estrelas do céu. É a partir
deste ponto que passamos a entender e verificar a formação do exército de
Satanás.
Com a terça parte dos anjos, Lúcifer passa a organizar o seu exército e
a formá-lo de modo semelhante aos anjos de Deus em hierarquia e função. Ele dividiu o seu exército em quatro grupos,
todos com funções distintas, as quais nos são reveladas pela palavra de Deus na
Epístola de Paulo aos Efésios: “...porque
a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e
potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças
espirituais do mal, nas regiões celestiais.” Cada um desses grupos atuam de
forma diferente e estão organizados em ordem decrescente de autoridade.
AS TRÊS DIMENSÕES DO CÉU
Antes de entrarmos no assunto de como se forma o exército de Satanás,
vamos falar sobre as três dimensões do céu. Esse assunto é importante para
situarmos a área de atuação desses anjos.
Você já parou para analisar que, na criação, em Gênesis 1:1, diz: “No
princípio, criou Deus os céus e a terra”. Note que a palavra “céus” está no
plural, isto é, significa que existe mais de um Paulo, em II Coríntios 12:2-4,
se refere a si mesmo como “um homem em Cristo” que foi levado ao terceiro céu,
a fim de receber revelações. Logo, as escrituras indicam que há três lugares
chamados “céu”.
O PRIMEIRO CÉU é o nosso mundo físico, visível aos olhos naturais; é a
atmosfera que circunda a Terra (Os.2:18; Dn.7:13). Neste primeiro céu temos a
presença dos homens, vivendo o seu dia-a-dia; os anjos do exército de Deus
exercendo suas funções; e, ainda, os anjos caídos.
O SEGUNDO CÉU é o firmamento conforme descrito em Gn. 1:1418, onde
encontramos as estrelas, o sol e a lua. Acredito, com base no descrito em Isaías
14:12-14, que neste segundo céu, Lúcifer estabeleceu o seu trono para governar
sobre os anjos caídos.
O TERCEIRO CÉU é também chamado paraíso, é a habitação de Deus e o lar
de todos os salvos que já daqui partiram. Neste céu está o trono de Deus
estabelecido. “Quando
ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens. Ora,
que quer dizer subiu, senão que também havia descido até as regiões inferiores
da terra? Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os
céus...” (Ef.4:8,9).
Embora os anjos caídos habitem as regiões celestiais, conforme Efésios 6:12 nos relata, também encontramos
textos que dizem que uma parte foi lançada no inferno. “Aos anjos que não guardaram o seu principado, mas
deixaram a sua própria habitação, ele os tem reservado em prisões eternas na
escuridão para o juízo do grande dia” (Jd.6) e “porque
se Deus não poupou a anjos quando pecaram, mas lançou-os no inferno, e os
entregou aos abismos da escuridão, reservando-os para o juízo” (II Pe. 2:4). Podemos afirmar, então, que uma
parte dos anjos foi confinada no inferno e outra parte se encontra no segundo
céu, tentando sempre impedir o serviço dos mensageiros do Senhor.
Os Anjos de Deus constantemente cruzam os céus para executarem as suas
funções na terra, e em meio a esta atividade celestial, verdadeiras batalhas
são travadas. Passaremos a analisar agora como ocorrem essas batalhas e a atuação
de cada um dos grupos do exército de Satanás.
FORMAÇÃO DO EXÉRCITO DE SATANÁS
A ordem hierárquica
dos anjos caídos é:
1-Principados;
2-Potestades;
3-Dominadores;
4-Forças espirituais do mal.
1. PRINCIPADOS. Estão em uma
escala hierárquica superior, sujeitando as potestades, dominadores e as forças
espirituais do mal ao seu comando. Principado é a tradução da palavra archon
(singular de archas), e significa ‘aquele que foi instituído de
autoridade’.
Um conceito que ajuda-nos a entender melhor sobre principado é dado por
Linthicum: “Principado ou príncipe é a pessoa que, num momento específico,
ocupa o trono. Pode ser prefeito de uma cidade, o presidente de um país, o
diretor do conselho de uma instituição econômica. O ‘príncipe’, ou a autoridade
de cada situação específica pode e irá
mudar, mas o trono continuará pelo tempo que essa instituição permanecer”
(Robert Linthicum em “Cidade de Deus, Cidade de Satanás”, Missão Editora, pp.
79).
Analisando o registro de Daniel 10, podemos perceber claramente a
atuação deste grupo (principado). Vemos que Daniel permaneceu em oração durante
vinte e um dias, até, então, receber a resposta de Deus. Esta demora ocorreu
devido à interferência de um principado que rege a Pérsia; esse fato foi comunicado
a Daniel por um anjo mensageiro do exército de Deus. “Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por
vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me,
e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia” (Dn.10:13).
O príncipe do reino da Pérsia guerreou contra aquele anjo mensageiro, na
intenção de interceptar a mensagem enviada. Este é um principado do exército de
Satanás que é encarregado em manter o povo aprisionado no pecado e comanda os
demais anjos caídos.
2) POTESTADES. É a tradução da palavra exousias, referem-se aos cargos ou funções de
autoridade, não aos titulares dos mesmos. Exousias, portanto, pode referir-se aos agrupamentos demoníacos que compõem
esses cargos. Estão abaixo dos principados. As potestades atuam no primeiro
céu, isto é, em nosso mundo físico e agem especificamente em pontos
estratégicos, onde existem forças de liderança, grupos de influência, seja na
política ou em qualquer outra instituição, inclusive na religiosa. O seu
objetivo é influenciar esses grupos em suas decisões, fortalecendo o mal e
enfraquecendo tudo o que for de bom.
Vamos nos concentrar mais na atuação das potestades nas instituições
religiosas, basicamente nas igrejas. Satanás sabe o poder da Igreja de Cristo
nesta terra, e sabe que a unidade é um dos pontos mais fortes da igreja. “Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos,
disse-lhes: Todo reino dividido contra
si mesmo é devastado; e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não
subsistirá” (Mt.12:25). Um dos
objetivos da potestade é o de criar contendas, divisão, quebrando, assim, a
força da unidade. Esse grupo do exército de Satanás está atento a cada detalhe,
cada brecha humana para lançar a sua semente de discórdia. Sua atuação é sutil,
começa com sentimentos carnais que vão florescendo e sendo alimentados
diariamente, quando permitidos, e, no fim, dividem líderes, igrejas, reinos,
nações. Poderíamos ficar horas falando sobre as diversas sementes de discórdia,
como inveja, soberba, divergência, ódio, maldizer; todas fruto da carne.
“Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi comunicado pelos da
família de Cloe que há contendas entre vós. Quero dizer com isso que cada um de
vós diz: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo. Está
Cristo dividido?...” (I
Co.1:11-13).
Começaram a surgir na igreja, em Corinto, facções entre seus dirigentes.
Alguns passaram a considerar mais os seus líderes do que o próprio Evangelho.
Paulo condena esta atitude que em nada edifica, pelo contrário, apenas gera
divisão na igreja de Cristo. “Nada
façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os
outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu,
mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo
sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não
teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a
forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se
a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o
exaltou...” (Fp.2:3-9). A
palavra de Deus confirma que a origem do sentimento faccioso é demoníaca.
E temos isso evidenciado no livro de Tiago. “Mas, se tendes amarga inveja e sentimento faccioso em vosso coração,
não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem
do alto, mas é terrena, animal e
DIABÓLICA.” (Tg.3:14,15)
3)
DOMINADORES. É a tradução da palavra grega kosmokratoras e significa “forças espirituais que se manifestam no mundo”, no reino
espiritual das trevas, em oposição ao Reino da Luz. Kosmos significa mundo e krator poder, força, majestade. Entendemos que estes são os “senhores deste
mundo”, ou seja, demônios chefes que atuam em localidades. Tomando-se como
exemplo a cidade de Éfeso, o kosmokratoras local desta cidade é a Grande Diana de Éfeso. Diana, ou Ártemis, era
suprema sobre a cidade de Éfeso. Ela era a salvadora, senhora, rainha do cosmos
e deusa dos céus, para aqueles que a invocavam.
Os dominadores também têm como função a possessão corpórea das pessoas.
As pessoas possuídas passam a agir por controle daquela entidade espiritual em
todas as áreas da sua vida, gerando assim conseqüências não só para a própria
pessoa, mas também para os que se relacionam com ela. Eles expressam, então, os
seus desejos malignos através da pessoa e geram, inclusive, determinadas
enfermidades.
Temos na Bíblia citações de pessoas que possuíam aparentes enfermidades,
mas que as mesmas, na verdade, eram causadas por possessão demoníaca. “E eis que estava ali uma mulher que tinha um espírito
de enfermidade havia já dezoito anos; e andava curvada e não podia de modo
algum endireitar-se”
(Lc.13:11). A Bíblia relata neste texto a história de uma mulher que estava
enferma há dezoito anos, que já havia tentado de tudo, mas não ficava curada e
Lucas, ao narrar o fato, diz que ela tinha um “espírito de enfermidade”. Mais
adiante, o próprio Jesus dá a explicação daquela enfermidade e diz que era Satanás
que estava gerando aquela enfermidade e a estava mantendo aprisionada. “E não convinha soltar desta prisão, no dia do sábado,
esta filha de Abraão, a qual há dezoito anos SATANÁS MANTINHA PRESA?” (Lc.13:16).
Para não fugirmos muito de nosso assunto, uma vez que nosso objetivo
aqui não é tratarmos de batalha espiritual, mas sim de anjos, importa apenas
voltar a frisar que os dominadores têm como função precípua a possessão de
corpos para, através deles, expressarem suas características, promovendo o mal
e a destruição das almas.
4)
FORÇAS
ESPIRITUAIS DO MAL. Esse grupo de anjos decaídos atua em forma de INDUÇÃO. Agem
causando desânimo, levando as pessoas a tomarem atitudes erradas, acusando e,
principalmente, gerando brechas para que os dominadores possam, então, começar
a atuar.
Os dominadores precisam ter autorização para que possam possuir e
oprimir as pessoas. São as forças
espirituais do mal que têm a
incumbência de fazer com que as pessoas dêem esta permissão, através de algum
ato. São aquelas vozes que muitas vezes ouvimos no interior de nossa mente
querendo nos levar a praticar o que é contrário à vontade de Deus.
ATUAÇÃO DOS ANJOS CAÍDOS
Os anjos caídos, como serviçais de Satanás, estão empenhados em pôr
obstáculos no caminho do cristão e provocar danos à vida espiritual e ao
bem-estar do povo de Deus. Eles são seres astutos que:
1.
Opõem-se
aos propósitos de Deus (Zc. 3:1);
2.
Afligem os
servos de Deus (II Co. 12:7);
3.
Armam
ciladas aos servos de Deus (Ef. 6:11, 12);
4.
Opõem-se
às orações dos santos (Dn. 10:13);
5.
Procuram
destruir a Igreja (Mt. 16:18);
6.
Impedem as
pessoas de aceitarem o Evangelho (Lc. 8:12);
7.
Disseminam
doutrinas errôneas (Mt. 13:25);
8.
Incitam a
perseguição ao reino de Deus (Ap. 12:7).
Os anjos maus ou caídos são poderosos, mas não todo-poderosos. Só há um
que detém todo poder e toda autoridade, e este se chama Deus, o Grande Eu Sou,
que ressuscitou a Jesus, “fazendo-o
sentar-se à sua direita nos céus, muito acima de todo principado, e autoridade,
e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas
também no vindouro; e sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés...” (Ef. 1:20-22). Para os anjos caídos resta
somente o fogo eterno, após serem julgados por Jesus e a Sua Igreja (I Co.
6:2,3).
Finalizando queremos enfatizar que aos filhos de Deus foi dada
autoridade, em nome de Jesus, sobre todo principado, potestade, dominadores e
força espiritual do mal. Quando Miguel disputou com um anjo, a respeito do
corpo de Moisés, ele disse: “O Senhor te repreenda”. À Igreja, aos filhos de
Deus também foi outorgado poder e autoridade sobre os demônios, e essa
autoridade foi dada através de Jesus.
Em Jesus temos autoridade para confrontar e destruir toda força das
trevas.
BIBLIOGRAFIA:
FUNDAMENTOS
DA TEOLOGIA PENTECOSTAL. Guy Duffield e
Nathaniel Cleave, Vol I e II.
ANJOS,
HOMEM E PECADO. EETAD.
O HOMEM ESPIRITUAL.
Watchman Nee, Vol. I e II.
COMENTÁRIO
BÍBLICO MOODY. Charles F. Pfeiffer e Everett F.
Harrison, Vol. I ao V.
QUEBRANDO
AS MALDIÇÕES. Carlos Alexandre e Ana Paula.
O
CARÁTER DO HOMEM DE DEUS. Carlos Alexandre e Ana Paula.
A
DOUTRINA DOS ANJOS. Rev. Dr. Lázaro Soares de Assis.
BATALHA
ESPIRITUAL. SEMEADOR.
BÍBLIA
DE ESTUDO PENTECOSTAL.
BÍBLIA
VIDA NOVA.
DICIONÁRIO
ESCOLAR DA LÍNGUA PORTUGUESA.
.CRIAÇÃO - SEMEADOR.
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